O Presidente venezuelano Nicolás Maduro, anunciou que o reativou duas refinarias e que implementará, a partir de 5 de outubro, um novo plano de abastecimento de combustível, um produto escasso, que nas últimas semanas motivou protestos no país.
“Se reativaram duas refinarias apesar do ataque brutal [sanções norte-americanas]. A Venezuela tem que produzir tudo o que consome em hidrocarbonetos. Já estamos a produzir , e está a chegar do estrangeiro, a [gasolina] que comprámos para o mês de outubro e estamos a fazer compras para os próximos meses”, disse.
Nicolás Maduro falava durante uma “jornada produtiva” do programa “Fortalecendo o sexto vértice da Grande Missão Agro Venezuela”, transmitido pela televisão estatal venezuelana.
O anúncio teve lugar depois de a imprensa venezuelana dar conta que nos últimos dias chegaram ao país dois barcos petroleiros (Forest e Fortune) com gasolina proveniente do Irão, por uma rota alternativa para evitar que fossem confiscados pelos Estados Unidos.
“Aprovei um plano de distribuição de gasolina”, disse, precisando que entre 05 de outubro e 05 de novembro estará em vigor um sistema de venda de combustível segundo o último dígito do número de matrícula das viaturas.
Por outro lado, explicou que não pode revelar tudo o que o Governo venezuelano fez para superar sabotagens e agressões do Governo norte-americano e por isso “muitas coisas devem continuar em silêncio”.
“Porque o Governo ‘gringo’ [norte-americano], apoiado por Guaidó, confiscou três barcos com três milhões de litros de gasolina que era para setembro, enquanto recuperávamos as refinarias”, disse.
Nas últimas semanas as filas para obter combustível multiplicaram-se em várias regiões da Venezuela com a população a queixar-se de que, mesmo a preços internacionais, há cada vez mais dificuldades para abastecer.
Caracas diz que as sanções impostas pelos EUA são um “ataque” à soberania que “trouxe graves prejuízos a todo a indústria energética, afetando em maior medida o sistema de refinação e produção de combustíveis”.
A oposição acusa o Governo de ter “desmantelado” a indústria petrolífera e de ter feitos acordos prejudiciais com a China e a Rússia.
Em 01 de junho último, o Governo venezuelano fixou pela primeira vez o preço dos combustíveis em dólares norte-americanos, com subsídios para alguns setores básicos.
O aumento teve lugar depois de chegarem à Venezuela cinco navios com combustível proveniente do Irão, uma operação que foi questionada pelos EUA, que anunciaram ter apresado, pela primeira vez, quatro petroleiros iranianos que transportavam gasolina para a Venezuela.
Os cargueiros Luna, Pandi, Bering e Bella foram apresados em alto-mar, depois de uma autorização emitida por um juiz federal, em rota para Houston, no Texas (sul dos Estados Unidos), segundo o diário The Wall Street Journal (WSJ).