O Palácio foi idéia de um nobre local que morreria pouco depois do início da construção por volta de 1840. Foi adquirido por José Francisco da Silva que o viria a completar em 1909 e custou, imagine-se, a fortuna de 110 contos de reis (510 euros)…
Se planeia umas férias no Algarve, saiba que, por 150 euros por noite, perto de Faro, entre o litoral e a serra, há uma opção real onde pode hospedar-se. A Pousada de Estoi, antigo palácio com o mesmo nome, pertence aos Monument Hotels do grupo Pestana [ou “a um grupo de hóteis”] e oferece um ambiente em estilo neorrococó e neoclássico, com todas as comodidades de hoje em dia.
O LUXO DE ANTIGAMENTE, E O DE HOJE, NUM SÓ LUGAR
É considerado, por muitos, uma jóia do Romantismo no Algarve. Este antigo palácio, em tempos propriedade de Francisco José da Silva, nomeado visconde de Estói pelo feito de terminar a construção iniciada por um nobre local, que morreu sem o conseguir ver concluído, data do séc. XVIII. A obra do arquiteto Domingos da Silva Meira tem uma fachada memorável, num tom forte de cor-de-rosa, com escadarias imponentes sobre o jardim ao estilo de Versalhes, com a sua fonte vigiada pelos bustos de pedra ao longo do muro.
A propriedade conserva um salão de chá masculino e outro feminino e, na receção, é possível requisitar a chave original da época que abre o portão de acesso aos jardins agrícolas e às cavalariças.
Mas se, nas áreas comuns, reinam o estuque, os frescos, os painéis de madeira, o azulejo português e a talha dourada, os quartos têm todas as comodidades e estão executados em estilo contemporâneo. O mesmo acontece na zona da piscina, minimalista e com um deck em teca, com vista para a serra. De resto, esta unidade hoteleira aposta fortemente no circuito de bem-estar e no luxo: há banho turco, uma piscina interior, ginásio, spa, e até a televisão presente no quarto lhe dá as boas vindas.
A ala contemporânea foi projetada por Gonçalo Byrne e inclui um restaurante, cuja entrada é feita pela antiga cozinha, onde poderá ver o antigo sistema de telefones e o fogão, a chaminé e os lavatórios originais, ficando a conhecer depois os sabores típicos da região, num ambiente simples e elegante.
Edifício principal
A casa, que se desenvolve horizontalmente e é caracterizada pelo grande corpo central saliente e mais alto, apresenta uma fachada de certa simplicidade, mas revela no seu interior o gosto opulento da época, sobretudo na decoração de algumas salas ricamente trabalhadas de estuques e em cujos tetos se conservam pinturas de certo interesse. A mais notável é a grande sala de baile, que ocupa o corpo central da casa, simultaneamente magnifica e fria na profusão de estuques, espelhos e pinturas, estas assinadas por alguns artistas portugueses e italianos da época. A Casa de Estoi reúne ainda várias telas de Maria Baretta e Adolfo Greno (1854-1901), pintor português que colaborou com Domingos Costa na decoração do interior da Igreja de Estoi.
Capela
A capela apresentava uma estética Luís XV. Era dedicada à Sagrada Família, representada numa pintura setecentista no retábulo do altar-mor, acrescentado-se ainda a esta duas telas seiscentistas, uma pintada por Bento Coelho da Silveira.
Jardins
Os jardins desenvolvem-se em três planos, fazendo uso de escadarias comunicantes comunicantes e de lanços opostos e outros elementos arquitetónicos que lembram ainda os jardins setecentistas, com laranjeiras e palmeiras, que condizem com o seu alegre estilo rococó. O terraço inferior exibe um pavilhão e azulejos azuis e brancos assinados por Pereira Júnior entre 1899 e 1904, a Casa da Cascata, no interior da qual se encontra uma cópia das Três Graças, de Canova. O terraço superior, o Patamar da Casa do Presépio, tem um grande pavilhão com vitrais, fontes decoradas com ninfas e nichos em azulejos. Encontram-se ainda numerosos bustos de cerâmica, coroando os muros, representando diversas personagens – bustos de D. Carlos I, Vasco da Gama, Goethe, Schiller, Bocage, Feliciano de Castilho, Almeida Garrett, Bismarck e Moltk, Milton, Herculano, Camões, etc.
História
O palácio foi ideia de um nobre local que morreu pouco depois do início da construção, em meados dos anos de 1840. Outra personalidade local, José Francisco da Silva, adquiriu o palácio e completou-o em 1909. Foi feito visconde de Estoi, em 1906, graças ao dinheiro (quase 110 contos de réis) e esforços que despendeu na sua reconstrução, uma vez que o palácio e os jardins tinham caído no abandono com a morte da última das irmãs do Coronel Francisco José Maria de Brito Pereira Carvalhal e Vasconcelos (o primeiro proprietário). O trabalho foi dirigido pelo arquitecto Domingos da Silva Meira, cujo interesse pela escultura é evidente. O interior do palácio, em pastel e estuque, está a ser restaurado e foi convertido numa pousada.