Filho de Paio Ramires e de Gontrode Soares, foi criado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e ficou desde muito cedo ao serviço do futuro Rei, D. Afonso Henriques, combatendo ao lado dos seus irmãos de armas, os cavaleiros Mem Ramires e Martim Moniz, em todas as batalhas contra os mouros para conquista do reino. Veio a ser ordenado Cavaleiro pelo soberano na Batalha de Ourique (1139).
Partiu depois para Jerusalém na Palestina, onde militou durante cinco anos como Cavaleiro da Ordem dos Templários, tendo participado do cerco à cidade de Jafa.
Foi ao retornar que foi ordenado como quarto Grão-Mestre da Ordem em Portugal (1157), então sediada em Soure, onde tinham castelo desde 1128 (Castelo de Soure) por doação de D. Teresa. Fundou, nessa qualidade, o Castelo de Tomar e o Convento de Cristo (1160), que se viria a tornar o Quartel-General dos Templários em território português, dando foral à nova vila no ano de 1162.
Nesta altura era dom Gualdim Pais mestre da ordem em terras de Portugal. O país vivia uma impressionante ofensiva na conquista dos territórios dominados pelos Mouros, e para tal muito contribuíram os Templários, com os seus conhecimentos da arte da guerra, e até pelo conhecimento dos inimigos. Por este seu trabalho recebiam muitas terras e possessões que iam tornando a Ordem cada vez mais rica. É neste período que os Templários recebem o castelo de Ceras e todas as terras a ele adjacentes, num vasto território que ia do rio Mondego até ao rio Tejo, correndo por toda a linha do rio Zêzere. São instalados na região por concessão do próprio dom Afonso Henriques.
Os Templários em Dornes
Percebe-se assim a presença dos Templários na região de Tomar e Ferreira do Zêzere, nomeadamente em Dornes, onde a famosa torre pentagonal continua vigilante e sobranceira a vigiar a linha do Zêzere que na época representava a grande fronteira dos territórios conquistados e que precisavam de consolidação permanente.
Por essa razão o castelo de Ceras e um imenso e riquíssimo número de terras à volta foram doadas aos Templários. Mas o Castelo de Ceras não passava de um monte de ruínas, o que levou dom Gualdim Pais a decidir edificar uma nova fortaleza num um morro sobranceiro às margens do rio Nabão. E foi nesse local que iniciou a edificação da fortaleza a
1 de março de 1160, no morro situado do lado direito das margens do Nabão. Nasce então a vila de Tomar, como grande centro cultural e social daquela região tão importante estrategicamente
Mediante grandes doações régias, os Templários passaram a ser donos de uma grande fortuna no jovem reino de Portugal. A sua expansão prosseguia, em 1165 recebiam os territórios de Idanha e de Monsanto. A partir de 1169, passaram a receber como doação, a terça parte de tudo que viessem a conquistar além do Tejo. Ainda naquele ano, receberam confirmadas a posse da ordem aos castelos da Cardiga (na foz do Zêzere) e de Tomar. Por esta ocasião, o castelo de Almourol, uma fortaleza situada numa ilha escarpada no meio do Tejo, e conquistado aos mouros em 1129, foi entregue aos Templários, que o reedificou, fazendo com que assumisse a beleza arquitetónica que se vê até os dias de hoje.
Também fundou o Castelo de Almourol, o de Idanha, o de Monsanto e o de Pombal. Deu foral a Pombal em 1174.
Cercado em 1190 em Tomar pelas forças do Califado Almóada sob o comando do Califa Iacube Almançor, conseguiu defender o Castelo contra um exército numericamente superior, detendo assim a invasão do norte do Reino de Portugal por este local, o que lhe conferiu um enorme prestígio militar, e lhe trouxe muitas recompensas.
Faleceu em Tomar no ano de 1195, e também naquela cidadew se encontra sepultado, na Igreja de Santa Maria dos Olivais.