Filipe II cometeu “erro histórico” de não ter feito de Lisboa capital Espanha – Pérez-Reverte

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O escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte publicou a tradução portuguesa de “Uma História de Espanha”, onde defende ter sido um “erro histórico” Filipe II não ter levado a capital de Espanha para Lisboa, e unido os dois países. Em declarações à agência Lusa, em Madrid, o autor confessa que este “não é o livro de um historiador”, e que pretende “aproximar a História do cidadão comum com humor e de uma forma informal”.

Arturo Pérez-Reverte afirma estar “muito satisfeito” com a tradução da sua obra para português, e sublinha que a Ibéria devia ser um espaço único, em vez de haver dois países de costas voltadas”.

“A Espanha do século XVI devia ter instalado a capital em Lisboa, para que os dois impérios fossem um só”, insistiu o ex-jornalista, repórter de guerra, de 67 anos, que, desde finais dos anos 80 do século passado, se dedica exclusivamente à escrita de novelas.

No seu livro, Pérez-Reverte escreve que “Filipe II cometeu […] um dos maiores erros” e, em vez de “levar a capital para Lisboa – antiga e senhorial – e se dedicar a cantar fados a olhar para o Atlântico e para as possessões da América, […] entrincheirou-se no centro da península [Ibérica], no seu mosteiro-residência do Escorial, a gastar o dinheirão que vinha das possessões ultramarinas luso-espanholas”.

“Mesmo agora, é muito triste que não atuemos de uma forma federada”, como se fossemos uma “federação igualitária e solidária”, capaz de enfrentar “melhor” os países do norte da Europa, lamenta o autor.

Num outro capítulo, Pérez-Reverte escreve que “João I de Castela, casado com uma princesa portuguesa herdeira do trono, esteve prestes a dar o golpe ibérico e unir os dois reinos”, mas “os avós de Pessoa e Saramago deram-lhe uma boa carga de porrada na batalha de Aljubarrota”.

O autor critica que, a pouco e pouco, a disciplina de História vá desaparecendo dos planos escolares, o que está a levar a juventude a “converter-se numa presa fácil para os políticos sem escrúpulos, os demagógicos e os canalhas”.

O escritor espanhol afirma que mais de 20 anos a trabalhar em países em guerra deram-lhe “uma experiência da vida” que agora tenta transmitir nas suas novelas.

“Não tenho ideologia política, o que tenho é a minha biblioteca. Essa biblioteca é a minha ideologia política”, conclui Arturo Pérez-Reverte.

A editora LeYa/ ASA considera que “Uma História de Espanha”, traduzida por Cristina Rodriguez e Artur Guerra, é “um relato pessoal e pouco ortodoxo da acidentada história do nosso país vizinho através dos séculos”.

Nascido em Cartagena, Espanha, em 1951, Arturo Pérez-Reverte conquistou a atenção do mercado editorial no final dos anos de 1980, com obras como “O Mestre de Esgrima”, “A Tábua de Flandres” e “O Clube Dumas”, que depressa tiveram a sua adaptação ao cinema.

Criador do Capitão Alatriste, herói da Espanha seiscentista que Viggo Mortensen interpretou na ‘tela’, Pérez-Reverte é autor de romances como “O Hussardo”, “A Pele do Tambor”, “A Rainha do Sul”, “Homens Bons”, “O Francoatirador Paciente” e “A Ponte dos Assassinos”.

“Território Comanche”, publicado em 1994, resulta da sua experiência como repórter de guerra, na ex-Jugoslávia, nomeadamente para o jornal El País.

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