A história do vinho, uma varanda sobre o Douro ideal para ‘selfies’, restaurantes temáticos ou uma espécie de ‘trivial pursuit’ museológico sobre o Porto são alguns dos atrativos do World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia.
Com a promessa de vir a ter seis museus e nove espaços de restauração, o WOW, que em português se traduz “Mundo do Vinho” abriu a 31 de julho em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
O “novo quarteirão cultural e turístico do Porto”, como lhe chama o grupo The Fladgate Partnership que investiu no espaço 105 milhões de euros, tem atraído mais portugueses do que turistas estrangeiros, tendência associada à pandemia de covid-19 que, como o Tomás de 10 anos e a frequentar o 6.º ano disse , “é um vírus chato que circula no mundo e não nos deixa ir de férias”.
“Tivemos de alterar as rotinas todas e fazemos férias cá dentro. Vamos todos os dias a algum lado e regressamos à base. Não fomos de férias. Estamos de férias”, refere Pedro Fernandes, diretor comercial e residente em Gaia que levou a família a conhecer o WOW num dia que, antes do tal “vírus chato”, seria para passar num cruzeiro em Miami, nos Estados Unidos da América.
Em alternativa, visitar museus e passear “cá dentro” foram as escolhas da família Fernandes que dedicou a manhã ao museu do vinho – um dos cinco já abertos no WOW – e de tarde, depois de um almoço em esplanada e de um gelado num café, pretendia visitar o museu do chocolate e o da cortiça. Para outra oportunidade ficará o museu Porto Region Across The Ages, o tal ‘trivial pursuit’ sobre o património histórico e cultural do Porto, e o The Bridge Collection, que conta a história mundial através de copos.
A escolha da família Fernandes – que nesta experiência gastou 74 euros (dois adultos e uma criança dos 04 aos 12 anos) e o valor do almoço – prendeu-se com os gostos pessoais de cada um. Pedro é apreciador de vinho, Tomás quer provar o chocolate e a mãe quer saber mais sobre o facto de Portugal ser o maior produtor de cortiça do mundo.
“Viemos visitar e estamos muito satisfeitos. Começámos ao fim da manhã com um museu, almoçámos e de tarde ver outros. As nossas férias mudaram bastante. Íamos viajar, como habitualmente, mas já na Páscoa tivemos de cancelar”, conta Pedro Fernandes.
Também o filho não parece desiludido, nem receoso com o coronavírus: “Vir a um museu nas férias não é uma seca. Este ano é assim, são férias diferentes. Aqui não senti medo porque está pouca gente, usamos todos máscara e há muitos locais para desinfetar as mãos”.
A tendência “férias cá dentro” já tinha sido antecipada à Lusa pelo presidente executivo do Fladgate Partnership, Adrian Bridge, em maio, quando o grupo preparava a abertura do WOW que, face ao projeto original, sofreu alterações como a troca do sistema de portas manual por automático para evitar o toque ou o aumento de lugares de esplanada para 220.
“Abriremos o WOW num mundo novo, num mundo pós-pandemia com novas regras. Há um grande debate sobre a forma como o turismo vai voltar. Portugal é visto como um território seguro e o próprio mercado nacional precisa de conteúdos e experiências novas para as pessoas que fizeram um esforço de confinamento, mas, no verão, vão optar por destinos nacionais”, analisou então Adrian Bridge.
Agora, sem revelar números sobre qual a afluência do WOW, mas admitindo que o espaço erguido num antigo complexo de caves de vinho do Porto na margem sul do rio Douro, em Gaia, está a atrair mais portugueses que estrangeiros, o grupo Fladgate Partnership prepara a abertura, em novembro, de um sexto museu – de moda e têxteis –, bem como de uma escola de vinhos que terá cursos em regime ‘part-time’, cursos de um dia, certificação para profissionais e uma galeria de arte com 435 metros quadrados.
Quanto ao museu mais procurado até ao momento, o Wine Experience ou museu do vinho é o referido, oferecendo um trajeto sobre o vinho português no qual os visitantes podem fazer uma viagem desde a plantação da vinha até à vindima, ver vídeos que explicam como é pisada a uva e conhecer, entre outros aspetos, as castas, os utensílios ou os tipos de videiras e de solos portugueses.
Ao longo da “viagem” por 21 salas, o visitante é autónomo e pode demorar o tempo que quiser. Segundo a experiência de Túlia Carneiro, que trabalha no WOW, cada visita dura cerca de uma hora e meia.
“Mas já tivemos pessoas a demorar quatro horas. Esta é uma experiência de apelo aos sentidos que é feita ao ritmo de cada um. Não há toques – à exceção de dois ‘quizs’, mas disponibilizamos álcool gel imediatamente ao lado dos ecrãs – e podem tirar fotografias à vontade”, descreveu.
Túlia Carneiro, enóloga de formação e com experiência em visitas guiadas em quintas na região do Dão, é uma das 350 pessoas recrutadas pela Fladgate Partnership para o WOW que se distribui ao longo de 35 mil metros quadrados.
Também Manuel Santos está no WOW e, conta que “os portugueses são mais curiosos do que os estrangeiros, pedem mais informações e fazem mais perguntas” e que não há birras, “muito pelo contrário”, para colocar a máscara ou desinfetar as mãos.
À exceção dos museus, a circulação no WOW é gratuita, existindo acesso às lojas, cafés, restaurantes (peixe, vegetariano, gastronomia portuguesa, ente outros) e às praças. Na chamada ‘Lemon Plaza’, por exemplo, já foram emitidos em ecrã gigante jogos da Liga dos Campeões. O parque de estacionamento tem capacidade para 150 carros.