A Direção-Geral do Património Cultural abriu um período de consulta pública sobre o processo de classificação da tradição natalícia de Ovar conhecida como “Cantar os Reis” a Património Cultural Imaterial, segundo um anúncio publicado hoje em Diário da República.
A candidatura da tradição “Cantar dos Reis” a Património Cultural Imaterial partiu da Câmara de Ovar, no distrito de Aveiro, que pretende ver os referidos cânticos de Natal inscritos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
De acordo com o anúncio publicado, a consulta pública tem a duração de 30 dias, período em que os interessados se podem pronunciar sobre o projeto de decisão de inscrição, remetendo à referida Direção-Geral quaisquer elementos que considerem pertinentes.
Embora semelhantes aos grupos de cantares das “Janeiras” existentes um pouco por todo o país, as chamadas “troupes de Reis” de Ovar também apresentam letras e músicas originais, mas desenvolveram particularidades próprias ao longo de várias décadas, registando o que fonte da autarquia descreve como “um processo de codificação artística, social e performativa considerada diferenciadora, uma vez que adquiriu um recorte cultural próprio, sofisticado ao nível da composição musical e poética, e especializado ao nível da performance”.
Esta tradição decorre em espaços públicos, em auditórios ou sedes de coletividades, cafés, restaurantes, instituições, escolas, câmara, entre outros.
“A performance das Troupes de Reis promove trocas materiais (alimentos, bebidas e dinheiro) e simbólicas (música, poesia, canto, homenagem e reconhecimento pessoal) com os seus destinatários, que contribuem para a afirmação e redefinição permanente dos papéis sociais, sendo a performance musical o principal interface dessa relação dialógica”, lê-se na página da Internet do sistema de gestão do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Refere ainda que “esta prática está documentada ininterruptamente desde o século XIX, tendo no seu centro as Troupes de Reis, no âmbito das quais se dão os processos de transmissão e de renovação dos valores e dos conteúdos subjacentes”.