Ganhei coragem e fui à cidade. À Invicta Cidade do Porto.
Passei na rua de Santa Catarina a transbordar de turistas, quase todos espanhóis, de máscara e sem máscara.
Fui ao Centro Comercial, e estive largos minutos para entrar. Descendo as Carmelitas, deparei com longa fila, que descia, ao comprimento da rua, até à igreja dos Clérigos…Iam visitar a livraria ou comprar livros?
Mas o pior foi quando entrei no Metro. Encontrei-o meio vazio, com indicação de não ocupar os bancos, sem deixar o intervalo recomendado pela DGS.
Fiquei feliz: havia ordem, respeito e largueza.
Aos poucos, as carruagens iam enchendo-se. Receoso, pousei, ao meu lado, a saca com as compras. De paragem a paragem, recebia passageiros. Todos de máscara. Uns com as narinas de fora, para respirarem melhor…
Mocinha, de cabeleira loira, tez branca, calções encarnados, mostrando pernas bem torneadas, muito brancas, leitosas, aproximou-se, e pegando na minha saca, fazia tenção de se sentar. Reagi, receoso.
Da sua boca saiu o palavrão e do braço o gesto indecoroso, que inibo-me de o repetir.
Segui viagem, em silêncio…e sem companhia…
Sai da cidade a pensar: com transportes públicos, com essa gente, com turistas de máscara ou sem, no cotovelo ou no cachaço, realmente é milagre não haver elevado número de infetados.
Ou o ‘bicho’ não é tão malsão, como dizem, ou a terra foi benzida, ou é milagre.
O milagre português…
O Milagre
