O Douro poderá produzir entre as 198 mil a 224 mil pipas de vinho nesta vindima, uma previsão que aponta para uma quebra e reflete um ano difícil na vinha, com menos cachos, doenças e mais tratamentos. A previsão de produção para a vindima de 2020 foi divulgada hoje pela Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), que tem sede em Vila Real.
A diretora-geral da ADVID, Rosa Amador, afirmou, em conferência de imprensa, que as previsões para este ano apontam para uma colheita “bastante abaixo do ano passado”, em que a produção declarada foi “acima da média” e atingiu as 278 mil pipas de vinho (550 litros cada).
É também, apontou, uma previsão inferior à média dos últimos seis anos, que ronda as 235 mil pipas de vinho.
De acordo com a associação, a expectativa de colheita para a vindima de 2020 vai das 198 mil às 224 mil pipas de vinho.
Rosa Amador afirmou que este é “um ano não muito fácil” porque “vai haver menos produção e há maiores custos de produção devido à necessidade de intervir mais a nível fitossanitário”.
Segundo explicou, logo no início do ciclo verificou-se que os “cachos que apareceram foram substancialmente menos”, tendo-se verificado também numa fase inicial ataques de míldio, um fungo que pode infetar todos os órgãos verdes da videira – folhas, cachos e pâmpanos.
A instabilidade meteorológica que se verificou no Douro, entre abril e maio, com dias de chuva e frio intercalados com calor, obrigou a uma atenção redobrada com as videiras e à realização de vários tratamentos fitossanitários para travar a propagação de doenças.
Rosa Amador disse que a ADVID reuniu na segunda-feira com os associados que se reviram numa “previsão mais no limite superior” do indicado, ou seja, “à volta das 220 mil a 224 mil pipas”.
As previsões da ADVID são baseadas no método de pólen recolhido na fase de floração da videira, entre maio e junho, nas três sub-regiões do Douro – Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior – e, por isso, não têm em consideração os fatores pós-florais, que podem alterar o potencial de colheita, como as condições climatéricas.
De acordo com responsável, em junho e julho foram também verificadas algumas situações de escaldão (em que o bago fica queimado), principalmente na zona do Baixo Corgo, devido às temperaturas altas que se fizeram sentir.
O ano de 2018 foi também considerado difícil para o Douro e a produção ficou abaixo das previsões de vindima devido, sobretudo, à pressão de algumas doenças na vinha, com destaque para o míldio, ao escaldão e a situações de secura verificadas em setembro. A produção nesse ano rondou as 200 mil pipas de vinho.
As previsões de vindima são um dos parâmetros avaliados pelo conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) para definir o benefício, ou seja, a quantidade de mosto que cada produtor pode transformar em vinho do Porto.
O benefício é uma importante fonte de receita para os produtores do Douro que, este ano, revelam grandes preocupações com uma diminuição da quantidade de vinho do Porto a produzir devido à crise criada pela pandemia de covid-19.
O interprofissional deverá fixar o benefício ainda este mês. Em 2019, o Douro beneficiou 108 mil pipas, menos oito mil pipas que em 2018.
Relacionadas
Um grupo de entusiastas dos caminhos-de-ferro pretende ativar "para fins turísticos e de lazer" um troço desativado de nove quilómetros da linha do Douro, que liga o cais fluvial do Pocinho à estação do Côa, no distrito da Guarda. Este troço de via férrea que serpenteia as margens do rio Douro na antiga linha que fazia a ligação entre as estações do Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) e Barca…
A secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, destacou , no concelho de Figueiró dos Vinhos, a importância de projetos sinérgicos na estruturação da oferta turística em Portugal. "O turismo tem de ter uma extrema preocupação em apoiar projetos sinérgicos, que resultem de várias vontades, mas que conseguem materializar-se num único desejo", frisou a governante, que falava após a inauguração do projeto de valorização turística do Casal de S. Simão.…