Escrevo este artigo no mês de Julho após as eleições municipais francesas e de um estudo sobre vendas de bicicletas (tradicionais e elétricas). E assiste-se a um “virar de página”, veremos se constante, com esta pandemia . Os “verdes” foram preponderantes nas vitórias das eleições municipais francesas, nunca se venderam tantas bicicletas como agora e, em Portugal, os apoios à compra de veículos elétricos estão quase esgotados.
JORGE FARROMBA
Esta pequena introdução pretende introduzir o nosso convidado de hoje: o elétrico Nissan LEAF e+ com 62 kWh, 217 cv e uma autonomia de 385km.
Este LEAF distingue-se essencialmente do seu irmão menos potente e com menor autonomia na tampa dianteira para carregamento com a tomada para carregamento rápido e mais alguns detalhes. Nesta versão Tekna, surge recheado de equipamento, com bancos dianteiros, traseiros e volante aquecidos, sistema de navegação, E-Pedal – sistema que limita e muito a utilização do travão de pé e que contribui para a regeneração de energia, sistema de áudio Bose; sistema de navegação; sistema ProPilot – para condução semi-autónoma e radar inteligente -, bancos em pele, etc
Nada melhor que submeter à prova e testar os seus limites e, com isso, desfrutar e analisar as suas capacidades. Lisboa-Serra da Estrela – 300kms entre cidade, estrada, autoestrada e muitas subidas e algumas poucas descidas.
bom comportamento
na cidade
Em cidade o LEAF e circulando com o e-Pedal e a versão ECO que limita as prestações, é confortável, previsível e com bom comportamento. Para a viagem esperavam-nos perto de 300kms e uma viatura carregada (pessoas e eletricidade). Cumprindo rigorosamente a velocidade de 120 km/h em autoestrada e alguns momentos com AC, a viagem foi realizada até Santarém por AE. Notas a registar: o sistema Propilot ajudou na condução com o cruise control, radar inteligente e na manutenção da faixa de rodagem. Pouca sensibilidade ao vento lateral e ruído reduzido emitido pelo rolamento, dado que não temos motor de combustão. É altura de pagar 3.95€ para sair da AE e fazer o percurso Santarém–Entroncamento pela lezíria. Aqui já dá para perceber que o sistema ECO limita as prestações e quando necessitamos de potência é melhor desligar o mesmo. Mas é também altura de comprovar que vamos confortavelmente sentados – numa posição um pouco mais elevada, fruto do posicionamento das baterias por baixo do piso e que o comportamento é rigoroso, e a direção precisa q.b. Numa viatura elétrica onde o ruído exterior tende a captar-se mais, nada a apontar.
Depois da incursão pelas estradas da lezíria entramos novamente em AE até Abrantes, momento em que já temos gasto quase metade da bateria – recordar que o percurso exige subidas e mudanças de ritmo que, mesmo com cuidados redobrados e pouca utilização do AC descarrega mais facilmente a bateria. Na estação de serviço todos os postos estão livres e colocamos a carregar na versão rápida que aponta para 25 minutos para chegar aos 85%. O sistema de carregamento é simples e intuitivo – recordo que desde 1 de Julho é pago – e mantive-me por ali até carregar 98% da bateria.
Novamente em AE e com o calor a apertar é tempo de ir ligando e desligando o AC para não sobrecarregar a bateria e 1h20 depois e passagem na Soalheira para abastecimento de queijos da região e, posteriormente o LEAF entra na cidade da Covilhã (onde não existem postos de carregamento) e dirige-se até às Penhas da Saúde – onde a Pousada Juventude da Serra da Estrela possui um posto de carregamento e nos permite carregar um pouco as baterias, a quem agradecemos.
Em resumo, a alternativa aos carros de combustão existe. Podia talvez ter efetuado a viagem toda sem carregamentos, mas existindo ao longo do percurso várias possibilidades para o fazer, desde Aveiras, Entroncamento, Abrantes, Alcains, Fundão, é menos arriscado.