A chegada do tempo quente de verão torna-se potenciadora de grandes manchetes noticiosas decorrentes de acontecimentos, quase sempre negativos, muitas vezes catastróficos, relacionados com os incêndios.
Aliás, parece não haver no nosso país órgão de informação que se “preze”, que não se mobilize, de forma sensacional, para dar cobertura mediática a um incêndio. E as perguntas, bem como as respostas dos entrevistados, muitos deles, altas figuras institucionais, que se colocam a jeito para a entrevista da “praxe” são quase sempre as mesmas.
E raramente falta a expressão “no teatro das operações”, como se um incêndio fosse um teatro. É, na verdade um grande drama, sobretudo para aqueles que dele sofrem as consequências, para os que o combatem voluntariamente e, como sempre, para os contribuintes.
Quanto ao teatro e às operações, muitas delas aritméticas, tudo isso acontecerá, também, noutros contextos, onde o fumo é invisível, usando outras estratégias e beneficiando de outros recursos. Bom, mas isso…
Claro que alguma comunicação social, a esses meandros nublados pouca atenção presta, porque dá mais trabalho e acarretaria outros riscos e outras formas de estar no jornalismo, nomeadamente de investigação,
Digamos que “chuta para canto”, o que é uma pena!… Talvez também essa postura de relaxamento informativo contribua para o elevado número de incêndios, sem consequências práticas.
Naturalmente que qualquer cidadão consciente e responsável se insurge contra os incêndios e contra a forma como muitos deles surgem, sendo os protestos da sociedade muitos e, inúmeras vezes, objetivos e justos.
É que não se percebe muito bem e, raramente se chega a entender, como muitos dos incêndios acontecem. Não obstante todos os investimentos aplicados, o ‘Zé-Povinho’ fica sempre a saber o mesmo, ou seja, NADA!…
E, neste contexto, há muitas coisas que me intrigam, entre outras, porque é que a maior parte das vezes só se fala na prevenção quando estamos em plena época de verão?!…
Será, pois, importante, nesta época de crise, que se implementem as boas práticas, moral, ética e materialmente eficazes, e que as negligências, sobretudo conscientes, tenham consequências a todos os níveis, sobretudo no sentido de não corrermos o risco de viver num país “queimado”!… |
Porque é que os trabalhos, que vemos na televisão são levados a cabo no decorrer do combate a um incêndio como, por exemplo a abertura de corta-fogos de caminhos para permitirem a passagem de viaturas dos bombeiros, etc., não são realizados, preventivamente, no período de inverno?!…
Mas este é um dos muitos exemplos de inoperância, falta de programação, de estratégia, ou, diria mesmo, de interesse no que toca à atuação institucional, no âmbito da prevenção.
Por vezes ouvem-se comentários, talvez com algum fundamento, que por detrás dos incêndios existem muitos interesses de variada índole, que trazem a “reboque” muita gente e muitos “grandes” que gravitam à volta do poder, seja ele qual for.
É certo que pode haver dúvidas formais, mas que os indícios surgem, nalguns casos com pouca discrição, lá isso é verdade. Começando logo pela forma como são estabelecidas certas regras/leis, e como são nomeados e colocados alguns responsáveis.
Depois, por exemplo, se temos umas Forças Armadas com meios que permitem, no mínimo, ajudar no combate aos incêndios, como o setor de Engenharia e Força Aérea, por que razão não se aproveitam esses recursos em vez de serem gastos milhões de euros do estado/povo em adjudicações de bens e serviços de empresas privadas?!…
E se há viaturas pagas pelo erário público, que evidenciam qualidade acima da média e se “passeiam, ou pavoneiam”, provavelmente sem grande controlo, quer nos consumos (elevados), quer nos destinos, serão aquelas que estão destinados a alguns dirigentes.
Não será, digo eu, certamente, por falta de qualidade e potência desse tipo de viaturas, que a eficácia dos serviços de proteção e ação será posta em causa. Longe disso!… Qualquer cidadão menos esclarecido, ou atento, constatará isso mesmo.
Será, pois, importante, nesta época de crise, que se implementem as boas práticas, moral, ética e materialmente eficazes, e que as negligências, sobretudo conscientes, tenham consequências a todos os níveis, sobretudo no sentido de não corrermos o risco de viver num país “queimado”!…
A missão formal, tantas vezes aparentemente sustentada na moral, deve dar lugar à ação com clarividência e eficaz intervenção, principalmente no capítulo da prevenção!…