Antiga costureira preside à Romaria d’Agonia por 64 anos dedicados ao folclore

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A antiga costureira de 76 anos, 64 dos quais dedicados ao folclore, Rosa Caetano, foi a figura escolhida para presidir à comissão de honra da Romaria d’Agonia, foi  anunciado pela Câmara de Viana do Castelo.
“Fiquei muito feliz. Sinto-me muito feliz. Não estava à espera. Não é nada que às vezes a gente não mereça, mas esta era a única coisa que não esperaria”, afirmou à Lusa Rosa Caetano.
A presidência da comissão de honra da Romaria d’Agonia é uma função que, por inerência, cabe ao presidente da Câmara de Viana do Castelo, mas que há mais de duas décadas é delegada em figuras que “contribuem para a promoção do concelho e das festas”.
A fadista Amália Rodrigues, o antigo embaixador Francisco Seixas da Costa, a artista plástica Joana Vasconcelos e o presidente da Casa do Minho do Rio de Janeiro Agostinho dos Santos, entre outros, já desempenharam aquelas funções.
Este ano, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, delegou esta função em Rosa Caetano, natural da freguesia da Meadela, “figura de referência no concelho por uma vida dedicada ao folclore e à arte de bem trajar”.
“Rosa Caetano é personalidade destacada no meio associativo pelo empenho apresentado na preservação das tradições e costumes e na divulgação do Traje à Vianesa. O nome de Rosa Caetano é sobejamente conhecido em Viana do Castelo. Aos 76 anos de idade, nascida e criada na freguesia da Meadela, foi costureira de profissão e integrante de grupos folclóricos por paixão. Hoje, é considerada uma das vozes mais experientes no que toca à arte de bem trajar e ourar”, destaca a nota hoje enviada pela Câmara.
Rosa Caetano “conta com a experiência de 64 anos de folclore, entre o Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela, o seu grupo de coração, onde ainda integra o coro, e os nove anos em que integrou o Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo”.


“Uma das grandes honras da vida de Rosa Caetano foi ter recebido um convite do etnógrafo vianense Amadeu Costa para colaborar com a preparação do Museu do Traje, criado em 1997, vestindo os manequins que, ainda hoje, integram a coleção permanente do museu”, especifica a nota.
A capital do Alto Minho não vai festejar nas ruas, pela primeira vez em 248 anos, os números emblemáticos da Romaria d’Agonia devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
Apesar da “tristeza” deste ano as festas não se realizarem no formato habitual, Rosa Caetano não escondeu a “felicidade” de não se deixar passar em branco a romaria da capital do Alto Minho.
“Vai haver cartaz das festas na mesma, vai haver presidência de honra. Estou sem palavras”, referiu emocionada e incrédula por ocupar este ano o mesmo lugar que já foi representado pela fadista Amália Rodrigues, a quem costurou um saiote para que pudesse desfilar “bem-trajada”.
Em agosto de 1998, o antigo presidente da Câmara, Defensor Moura, entregou a Amália Rodrigues a presidência da Comissão de Honra das Festas d’Agonia, sendo que a fadista envergou, durante os festejos, o Traje de Mordoma.
A coleção de fatos tradicionais de Rosa Caetano conta com cerca de meia centena de exemplares. Uns mandados fazer, outros feitos pelas suas próprias mãos, bordados a vidrilho, como tanto gosta. Todos os anos os empresta ou aluga para os diversos números das Festas d’Agonia ou para outras romarias das freguesias do concelho.
Os trajes de mordoma, de ‘domingar’ ou de lavradeira são alguns dos exemplares do “tesouro” que Rosa Caetano guarda, todos “devidamente pendurados” em armários que destinou para o efeito. Este ano, pela primeira vez, não vão sair semanas antes da romaria para serem arejados e poderem “brilhar” nos corpos das mordomas.
“Este ano, ficam guardados no armário, mas tenho esperança de que, no próximo ano, vão ser usados pelas mordomas de Viana do Castelo que sairão para as ruas com mais vontade, com todo o seu esplendor”, disse.
Este ano, a comissão de festas vai disponibilizar nas ruas de Viana do Castelo conteúdos com os principais números da romaria para que “possam ser sentidos” pela população.
Os “‘QR Code’ (códigos de barras de última geração com informação que pode ser lida por ‘smartphones’), com conteúdos multimédia e uma plataforma digital, serão colocados nos pontos principais da festa, permitindo visualizar no telemóvel os quadros emblemáticos que, habitualmente, se realizam nos locais onde forem instalados os códigos e que ficarão disponíveis numa página de Internet que será criada para o efeito”.

 

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