A Cooperativa de Murça anunciou o lançamento da nova edição do azeite Milhões, que homenageia o herói da Grande Guerra e foi distinguido num concurso no Japão, numa participação inserida na estratégia de internacionalização para a Ásia.
“Este prémio faz parte de uma estratégia de internacionalização no mercado Asiático, uma vez que o Japão é dos países não produtores de azeite com o maior aumento de consumo nas últimas décadas e coincide com o lançamento da nova edição do ‘Azeite com História Milhões’”, afirmou Francisco Vilela, presidente da Cooperativa dos Olivicultores de Murça.
O azeite Milhões foi apresentado na terça-feira (Dia de Portugal) mas tinha lançamento inicialmente previsto para 09 de abril, dia em que se assinala o aniversário da batalha de La Lys.
No entanto, segundo o responsável, as garrafas desta segunda edição “ficaram retidas” durante dois meses nas instalações da empresa de serigrafia devido ao ‘lay-off’, consequente da pandemia de covid-19.
Trata-se de uma edição limitada de duas mil garrafas e um “azeite com história” produzido de oliveiras centenárias da terra do Soldado Milhões. A primeira edição foi lançada em 2018.
Aníbal Augusto Milhais foi um soldado raso que combateu na Primeira Guerra Mundial e ganhou fama quando se bateu sozinho contra os alemães para ajudar à retirada das forças aliadas. Foi precisamente durante a batalha de La Lys e os seus atos de bravura valeram-lhe a mais alta condecoração militar nacional, a Ordem de Torre e Espada.
Milhais acabou por ficar conhecido como o soldado Milhões, um epíteto que nasceu com o elogio do seu comandante, Ferreira do Amaral: “Tu és Milhais, mas vales milhões”.
Aníbal Augusto Milhais morreu aos 75 anos em Valongo, a aldeia do concelho de Murça que adotou o nome de Milhais em sua homenagem.
Francisco Vilela referiu que um lote de mil garrafas estava praticamente vendido em exclusivo para um operador francês, no entanto, por causa da covid-19, o “negócio está em stand-by”.
De acordo com a cooperativa de Murça, o Azeite Milhões conquistou na quinta-feira a distinção “Best of Show”, sendo considerado o melhor azeite no concurso internacional “Olive Japan”, que decorreu em Tóquio, no Japão.
Neste que é considerado o “maior concurso internacional” de azeites na Ásia e Oceânia, estiveram a concurso 750 azeites oriundos de mais de 23 países.
“O facto de ser a única cooperativa com um azeite reconhecido quer no concurso do Japão quer no concurso de Nova Iorque e ainda o facto de ter submetido apenas um lote, ainda mais orgulhosos nos deixa”, salientou Francisco Vilela.
O responsável lembrou ainda que o azeite da cooperativa conquistou este ano medalhas de ouro e de bronze nos maiores concursos internacionais dos Estados Unidos da América, nomeadamente em Nova Iorque e em Los Angeles.
Portugal continua a ser o principal mercado para o azeite de Murça, representando 80% das vendas, mas a Cooperativa Agrícola procura abrir novas portas para os seus produtos.
A entrada no mercado asiático aconteceu em 2013, ano em que a cooperativa dos olivicultores começou a exportar para a China, país que representa 2% dos 20% de exportações.
Este ano, segundo Francisco Vilela, a aposta será feita também em Macau, para onde “já há pequenas encomendas”.
A crise pandémica também provocou alterações no mercado do azeite.
O responsável referiu que, nos primeiros cinco meses do ano, a cooperativa sentiu um “aumento de faturação em relação ao período homólogo do ano passado”, tendo-se verificado “uma mudança de comportamentos”, com a diminuição de vendas das garrafas unidose (miniaturas de 0,25 ml) destinadas à restauração e o aumento na “gama doméstica”.
No entanto, Francisco Vilela lembrou que a conjuntura a nível mundial já era má antes da covid-19 e que as consequências se fazem sentir essencialmente no negócio grossista, que está praticamente parado.