O Tribunal de Coimbra lê hoje a sentença a 13 arguidos suspeitos de terem furtado mais de dois milhões de euros em ataques a, pelo menos, 87 caixas multibanco em todo o país. A leitura de sentença decorre, às 15:00, no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, depois de grande parte do julgamento ter decorrido na Faculdade de Direito, devido à pandemia da covid-19, de forma a assegurar o distanciamento físico entre arguidos, advogados, assistentes e juízes.
Os 13 arguidos são acusados pelo Ministério Público de pertencerem a um grupo que terá feito mais de 80 furtos entre setembro de 2016 e dezembro de 2017, quando a operação parou após três dos principais suspeitos terem sido detidos pela Polícia Judiciária (PJ), quando regressavam de mais um assalto.
Os assaltos decorreram em diversos distritos, como Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Leiria, Coimbra, Porto e Braga, numa ação que recorria a explosões para assaltar os terminais de multibanco, refere a acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Antes dos furtos, os membros “selecionavam criteriosamente as caixas multibanco”, procurando perceber a marca e modelo do terminal, através de consultas de movimento de cartões de débito.
Para o assalto, o grupo recorria a carros previamente furtados e usava chapas de matrículas também roubadas e correspondentes a outros veículos, conta o Ministério Público (MP).
No local, era habitual os arguidos pulverizarem as câmaras de vídeo dos circuitos de gravação, levavam consigo diversas peças de roupa para trocarem após a prática dos crimes e utilizavam rádios portáteis emissores/recetores de forma a não recorrerem a telemóveis, alega o MP.
De acordo com a acusação, para o assalto, além do material necessário para o roubo, como botijas de gás acetileno e mangueiras, estavam também munidos de armas de fogo, como revólveres e espingardas AK-47, bem como extintores que podiam aspergir contra as viaturas policiais em caso de perseguição.
Já as companheiras de dois dos principais membros do grupo intermediavam contactos com outros membros e ocultavam artigos utilizados nos assaltos, recorrendo normalmente às quatro garagens que dispunham em Loures, Oeiras, Cascais e Alcobaça.
A ação do grupo acabou quando, após um furto em Torres Novas, ao chegarem ao armazém de Alcobaça com o dinheiro, foram intercetados por elementos da PJ e da GNR, que acabaram por os deter.
Os três principais elementos do grupo são acusados de vários crimes de furto qualificado, posse de arma proibida, falsificação de documento, explosão, recetação e branqueamento de capitais.