No meu tempo de meninice não havia televisão, gravador, avião supersónico, telemóveis e poucos possuíam carro. De Internet nem se pensava.
As comunicações faziam-se por carta, telefone, rádio ou pessoalmente; ninguém sentia falta dessas “modernices” que agora são indispensáveis.
A vida era mais tranquila. As crianças brincavam descuidadamente na rua e os pais nem se lembravam que pudessem ser atropeladas ou raptadas.
Éramos mais felizes?
Julgo que não. A tranquilidade, a segurança e a vida pacata eram o dia-a-dia. Parecia-nos natural.
Havia mais intimidade e mais convívio entre as famílias. Namorava-se, por carta, se o “príncipe” morava afastado ou para lhe declarar afeto.
A carta era inviolável, ou quase, porque havia quem conseguisse lê-la, abrindo-a ao vapor de água, ou a polícia secreta, se desconfiasse, violava-a com a colaboração do pessoal do Correio.
Agora com a Internet e telefone móvel e fixo, estamos à mercê de todos.
Num grupo de amigos, vim a saber o que aconteceu a senhora, que se separou do marido:
para manter privacidade, alterou os códigos que usava na Internet e mudou o número do telefone.
Decorridos meses, ficou atónita ao saber que as amigas recebiam mensagens, narrando intimidades de seu passado, informações e palavras degradantes.
Conseguiram entrar-lhe no computador, com auxílio de amigo, perito em informática. Infelizmente não é caso único.
A Internet, que cada vez é mais usada, não permite intimidade. Através dela, descobre-se todos os segredos. O hacker é dono do mundo: avaria computadores, vigia-nos, rouba-nos endereços, retira e substitui fotos. Enfim, devassa a nossa vida.
Não há forma de fugir. Somos obrigados a “denodarmo-nos” diante dos informáticos e seus “amigos”…
Antigamente, a violação de correspondência e escuta telefónica, eram crime; agora já há quem considere que não. Varia, consoante o “desnudado”… e os interesses de ocasião…
Desnudar-se perante o mundo…
