Tendo em conta a situação de singularidade ao nível dos cuidados de saúde, da economia, da educação, da agricultura, da justiça, da atividade fabril, etc., decorrente da pandemia que estamos a sentir e a viver, enquadrada num contexto transversal de grande precariedade social, somos confrontados diariamente com tomadas de posição políticas, que nos colocam numa situação afligida, estranha, duvidosa, ambígua, obscura e, tantas vezes, difícil de interpretar.
Ficamos, assim, algo perdidos, inquietos e inseguros em relação ao presente e pouco confiantes em relação ao futuro.
Parece até que nunca, como hoje, se notaram tantas incongruências e tantas diferenças, com políticos a tornarem-se os grandes protagonistas de um ambiente de radicalismo relacional, pouco consentâneo e aconselhável ao nível das referências positivas da credibilidade, dos comportamentos e dos valores humanos e sociais.
Tudo isto praticado num ambiente de indiferença e impregnado num egoísmo exacerbado de desmedidas ambições pessoais, colocando em causa os superiores interesses nacionais.
Se, por um lado, os valores humanos, sintetizados em todas as regras da boa educação, da responsabilidade, da justiça, da solidariedade e do bem comum, parecem estar a inverter-se, é na falta de vontade e capacidade de entendimento para dar respostas às dificuldades nos cuidados de saúde, às problemáticas de sustentabilidade económica e social, que soa mais o alarme.
E o problema é que são quase sempre os mesmos a sofrer as consequências das incongruências, ou seja, aqueles que não têm voz, os socialmente silenciados, onde se incluem os mais fracos, os desprotegidos, que não possuem conta bancária e que apenas sobrevivem com a solidariedade diária, tornando-se cada vez mais evidentes as políticas que promovem o pensamento descartável em relação àqueles que são considerados inúteis, onde se incluem os idosos, com graves patologias ao nível da saúde.
Nos meandros do poder, onde a ética, a responsabilidade e a coerência deixam muito a desejar, ensaiadas em discursos tão elaborados quanto, muitas vezes, incongruentes e desumanizados, deveria imperar a crítica construtiva e a consciência séria e fraterna, contextualizadas na dimensão essencial da pessoa humana, no sentido de promover a construção de uma sociedade mais justa, sobressaindo a valorização do entendimento, da paz, da precariedade, da assistência na saúde e da economia sustentada e solidária.
Se na vida quotidiana e nas relações pessoais e sociais, devemos procurar ser educados, cordiais, sensatos, generosos, valorizando o entendimento e a amizade, o caráter solidário, o estender da mão ao perdão, a compreensão, a tolerância, mantendo a dignidade, porque razão os nossos líderes não assumem uma postura de congruência e eficiência, em prol da conciliação nacional, evitando tensões e divisões, com coragem, humanismo e desapego pelo poder?!…
Numa altura em que o país enfrenta singulares e difíceis desafios, não podemos, nem devemos perder tempo com questiúnculas pessoais ou corporativistas, ao mais alto nível da governação, mas sim trabalhar, clara e desinteressadamente, para uma convergência honesta e saudável, de forma transparente, clarificando a vida da nossa economia, com responsabilidade social e bom senso político, promovendo a saída desta fragilidade pandémica e estrutural que nos apoquenta e, de certo modo, desorienta, evitando incongruências politicas, que potenciam negativas consequências.
Incongruências e consequências!…
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