A partir de hoje, o centenário Eléctrico de Sintra volta a circular, ligando a serra ao mar, desde o centro da vila até à Praia da Maçãs.
O regresso obriga a medidas de salvaguarda das condições de segurança para colaboradores e passageiros, de acordo com as diretivas das autoridades sanitárias no âmbito da prevenção e combate ao surto da Covid-19.
Devem cumprir o distanciamento físico de dois metros entre passageiros enquanto aguardam o acesso às carruagens nas paragens. No interior do elétrico será obrigatório o uso de máscara, a higienização das mãos e cumprimento da sinalização existente.
A admissão dos passageiros em cada carruagem será condicionada a 50% da capacidade máxima e será feita através da porta traseira, de modo a reduzir o contato com os tripulantes.
“A Câmara Municipal de Sintra garante a higienização necessária para evitar o risco de contágio e a aplicação dos procedimentos seguros para o funcionamento das atividades turísticas, com repercussões tanto ao nível de visitantes, como de colaboradores, seguindo as recomendações da Direção Geral da Saúde”, informa a autarquia.
O elétrico de Sintra liga a vila até à Praia das Maçãs, ao longo de quase 13 quilómetros, entre a Vila Alda na Estefânia e a Praia das Maçãs. Numa viagem de cerca de 45 minutos, os passageiros podem usufruir de um singular passeio turístico entre a Serra de Sintra e o Oceano Atlântico.
A ideia de ligar Sintra a Colares e, posteriormente, à Praia das Maçãs surgiu em 1886. Durante vários anos foram feitas sucessivas tentativas para a concretização deste projeto, mas fracassaram uma a uma.
Só em novembro de 1898 foi dado um primeiro passo para a sua concretização, quando a Câmara Municipal de Sintra concedeu a Nunes de Carvalho e Emídio Pinheiro Borges, pelo prazo de 99 anos, a concessão para construir e explorar um caminho de ferro a vapor entre Sintra e a Praia das Maçãs, mais tarde substituída pela tração elétrica.
A 31 de janeiro de 1930 os elétricos chegam à pitoresca vila das Azenhas do Mar, atingido assim a sua máxima extensão de 14.600 metros.
A decadência surgiu a partir de finais dos anos 40, com o desenvolvimento dos transportes mecânicos. A partir de 1953, os elétricos passam a funcionar somente durante o verão e, em 1955, foi encerrado o troço Praia das Maçãs-Azenhas do Mar.
Em 1958 o mesmo aconteceu ao troço entre a Vila Velha e a Estação de Sintra, devido ao alargamento da Volta do Duche e do incremento do tráfego automóvel nesta zona de Sintra.
Funcionando unicamente nas épocas estivais entre Sintra (Estação) e a Praia das Maçãs, os elétricos acabaram por adquirir um estatuto muito especial, tornando-se num autêntico ex-libris de Sintra, conhecendo um novo período de ouro.
Aos domingos e feriados, era comum ver autênticas avalanches de pessoas à procura de um lugar nos elétricos. Não havia elétricos que chegassem para transportar tanta gente.
Em agosto de 1967, a Sintra-Atlântico foi comprada pelo grupo de camionagem Eduardo Jorge. Com esta nova administração o investimento nos elétricos reduz-se ao mínimo da sua sobrevivência, esperando pelo fim da sua concessão pois, a exploração há muito tinha deixado de ser rentável.
Em 1974 os elétricos funcionam pela última vez até Sintra e em de julho de 1975 foi autorizada a substituição dos elétricos por autocarros.
Apesar de todas as adversidades, a vontade de colocar os elétricos novamente nos carris não acabou e a 15 de maio de 1980, foi oficialmente reiniciada a circulação dos elétricos nesta linha, mas somente entre o Banzão e a praia.
Entre 1996/97 foi recuperado o troço entre a Ribeira e a Praia das Maçãs e a 30 de outubro de 1997, a Ribeira viu novamente a chegada dos elétricos.
A 4 de junho de 2004, precisamente no ano do seu centenário, os elétricos chegam de novo a Sintra, mais propriamente até à zona da Estefânia.