Investigadora da UTAD identifica tratamento que diminui rachamento da cereja

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Uma investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) identificou um tratamento que permite diminuir o rachamento da cereja “em 50%” e melhorar o aspeto visual deste fruto que tem uma “elevada importância” económica na região.

Sofia Correia, membro integrado do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da UTAD, investigou “estratégias inovadoras” em pré e pós-colheita no incremento da qualidade da cereja ‘sweetheart’.

Os resultados, segundo anunciou hoje em comunicado a academia transmontana, mostraram uma “redução do rachamento do fruto em 50%”.

A investigadora explicou que a metodologia consistiu em repetidas pulverizações de cálcio e cálcio conjugado com outras substâncias tendo os “tratamentos foliares reduzido o rachamento”, o qual foi “menor” nos frutos “tratados com cálcio conjugado com ácido abscísico e glicina-betaína”.

Uma das causas apontadas para o rachamento deste fruto é a ocorrência de precipitações na época de colheita, que se prolonga de maio a junho.

Sofia Correia referiu que o rachamento “afeta normalmente grande parte do volume da cereja, o que representa um aspeto importante na rejeição do fruto por parte do consumidor”, pelo que considerou que “há necessidade de produzir frutos de grande qualidade, devido à elevada importância económica da cereja”.

A especialista disse que as aplicações com ácido abscísico e glicina-betaína, em associação com cálcio, “aumentaram o teor de ceras solúveis e espessura da cutícula e das células da epiderme dos frutos”, tendo sido verificado que, “durante a fase de amadurecimento, frutos com células da epiderme, hipoderme e parênquima de maior dimensão apresentaram uma menor incidência ao rachamento, o que indica a importância da flexibilidade e elasticidade da epiderme”.

A investigadora destacou ainda que os compostos aplicados não afetam as características organolépticas (textura/sabor) e melhoram o aspeto visual do fruto.

E, na sua opinião, “uma vez que estes compostos têm preços acessíveis, são ferramentas que podem ser facilmente adotadas pelos produtores de cereja”.

Outra conclusão do estudo aponta para o “aumento do calibre, em 20%”, na cereja tratada com glicina-betaína e cálcio, o que representa um impacto “muito positivo para os produtores”.

Os resultados da investigação foram publicados no Journal of the Science of Food and Agriculture e integram uma tese de doutoramento financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do programa doutoral “Cadeias de Produção Agrícola – da mesa ao campo”, com orientação das docentes da UTAD, Berta Gonçalves e Ana Paula Silva, e de Rob Schouten, da Universidade de Wageningen, Países Baixos.

A cereja, cuja apanha está a começar nesta altura, representa uma importante fonte de receita e uma alavanca para a economia local em vários concelhos do Douro e de Trás-os-Montes.

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