Há vinhas e hortas ao pé do Aeroporto e nós fomos ver como os cachos já se estão a formar — em plena cidade de Lisboa

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Não é só o Douro e o Alentejo e Ribatejo que têm uma paisagem vinícola. Também na capital há dois hectares de vinhas que darão origem a mais garrafas do já premiado Corvos de Lisboa. Daqui, deste ponto, tão perto da Rotunda do Relógio, ao contrário de há uns tempos atrás em que de três em três minutos ou aterrava um avião ou levantava, agora e referindo-me ao dia 15 de Abril vêem-se os aviões alinhadinhos na placa do aeroporto Humberto Delgado. Porém na vinha, bem cuidada, os trabalhos não param. Mas não é só a  vinha, há hortas comunitárias urbanas, em diversos pontos da  nossa capital!

A paisagem entre os dois lados da Avenida Marechal Gomes da Costa é contrastante: enquanto de um lado, sentia-se a azáfama da cidade, com milhares de portugueses e turistas a chegar e a deixar diariamente Lisboa de avião; e que o COVID 19 veio fazer parar, do outro temos um cenário vinícola que parece ter saído do meio rural. Poucos reparam nesta vista que, inacreditavelmente, está a apenas meia hora do centro da capital, mas um corvo — o símbolo de Lisboa — marca o local, a poucos metros do Aeroporto Humberto Delgado.
É nestes dois hectares que são colhidas as uvas que deram origem, na edição de 2018 do Concurso de Vinhos de Portugal, da Vini Portugal, ao premiado “Corvos de Lisboa”, Arinto 2017. Mas o vinho produzido na Vinha do Aeroporto não é apenas desta casta. Além do Arinto, estão plantadas, nestes terrenos, Tinta Roriz e Touriga Nacional, uvas brancas e pretas.

O desafio lançado pela Câmara de Lisboa ao grande empresário vitivinicola José Luís Oliveira da Silva, presidente do conselho de administração da Casa Santos Lima, sediada em Aldeia Galega/ Alenquer, onde tem centenas de hectares de vinha e vinifica os seus vinhos, que se destinam na sua grande percentagem para a exportação, mudou a paisagem de Lisboa e contribuíu de certa forma para que Lisboa fosse classificada como Capital.
Segundo se sabe, 90% do vinho produzido junto ao Aeroporto de Lisboa é exportado para países como a Austrália, Estados Unidos da América, Brasil e Escandinávia.
E mesmo assim, as garrafas de “Corvos de Lisboa” encontram-se cada vez mais em restaurantes lisboetas e nas prateleiras dos supermercados, ao contrário do que acontecia no passado, fruto de alguma falta de conhecimento de que existiam vinhos bons na capital — ainda para mais tão perto do centro —, defende José Luís Oliveira da Silva.
A notoriedade que a cidade ganhou nos últimos anos por causa do turismo, estendeu-se também aos vinhos e isso começa a refletir-se na vendas nacionais.
Segundo o presidente da Casa Santos Lima, o próximo passo é levar os turistas às vinhas do aeroporto: e juntar aos lugares mais típicos e recomendados de visitas, como a Torre de Belém ou o Terreiro do Paço, as vinhas de Lisboa, com visitas guiadas. Oxalá que o turismo volte em força e depressa. Referia-me quando plantou a vinha, numa entrevista:   José Luís Oliveira da Silva, da Casa Santos Lima ” o meu maior prazer é que nas diversas deslocações que faço pelo mundo, divulgando os meus vinhos e visitando os clientes, quando o avião está a aterrar no aeroporto, no sentido de Almada – Lisboa, olho pela janela da direita, ou seja no sentido nascente e avisto uma enorme mancha verde, que são a vinha, que plantei e da qual tenho a concessão”

Lisboa, Capital Verde Europeia: hortas urbanas

 

Mas esta Lisboa, não é só jardins, espaços verdes e esta vinha ou a Quinta Pedagógica dos Olivais. Por entre edifícios cor-de-rosa surgem talhões verdes de hortas urbanas. Encostado à casa de arrumos podem ver-se as ferramentas imprescindível para os hortelãos que habitam a cidade de Lisboa. Os parques hortícolas ganham cada vez mais adeptos – e raízes – na capital.
Várias hortas cercas de arame protegem vários talhões com couves, chuchus e outros, batatas, cebolas e muita hortaliça. È uma regalo percorrer estas hortas e ver , quem as recebeu como as cuida bem. Como cuida da sua casa ou de um filho. Lá fora as primeiras que vi foi em Zurique, onde coabitavam hortas em vários hectares e atribuídas a emigrantes, na sua maioria dos mais diversos países. Uma policromia de cores e estilos de fazer a sua horta. Em Paris ( arredores) há anos que os portugueses tinha a sua horta o seu jardim, como lhes chamavam e em lisboa as comunidades, especialmente a Cabo Verdiana, há anos que plantava e semeava por vezes em encostas ingrimes das vias rápidas.
Finalmente chegaram a Lisboa e o Parque Hortícola de Telheiras – um dos 19 parques está em todo o seu esplendor.  A Câmara Municipal de Lisboa tem 732 talhões de hortas urbanas e planeia abrir pelo menos mais um hectare de área agrícola até 2021. Esta e outras medidas que visam aumentar a área verde, e tornar Lisboa uma cidade mais sustentável, foram reconhecidas com o prémio Capital Verde Europeia 2020, atribuído pela primeira vez a uma cidade do sul da Europa.

A criação de hortas urbanas é uma tendência europeia, que corresponde simultaneamente à procura por soluções sustentáveis e ao desejo de retomar o contacto com a natureza. Em Paris, por exemplo, estão a ser criadas hortas em telhados uma vez que o espaço disponível é muito limitado.

Para a seleção da cidade como Capital Verde Europeia foram determinantes as alterações implementadas na última década, e que permitiram uma gestão integrada da sustentabilidade.
A tendência está a multiplicar-se em várias bairros da cidade.

Se a verdura destes vegetais nos inspira pouca confiança, a proliferação das hortas urbanas durante os últimos anos em Lisboa deveria ser suficiente para deixar cair a ideia das hortaliças tóxicas. Em 2016, segundo foi publicado, há um estudo realizado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), em parceria com a Câmara de Lisboa e com a Junta de Freguesia de Alvalade, avaliou seis hortas: no LNEC, no vizinho Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL), no Vale de Chelas, junto à CRIL e na Quinta da Granja, em Benfica.
Mas a qualidade do que é produzido nestas hortas não saiu afetada: os produtos não estavam contaminados!
E convém não esquecer que Lisboa é a Capital Verde Europeia em 2020. Depois esta é uma forma salutar de ocupar as pessoas e nesta altura do confinamento obrigatório, andar na hortinha a “sacholar” e a muitos metros do vizinhos, pode não ser perigoso, pois o vírus não voa e aqui esta gente citadina, mas com origens ou raízes rurais, sente-se como se estivesse ou na sua terra, ou na terra de seus antepassados

ANTÓNIO FREITAS ( texto e fotos)

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