Em tempos de pandemia Portugal une-se e inova

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Num tempo de medo e desconhecimento em relação à pandemia de Covid-19, à capacidade humana de lhe fazer frente e à possibilidade de obter todo equipamento médico necessário para tratar os que foram infetados, Portugal uniu-se.

Há um movimento de solidariedade que está a acontecer no dia-a-dia deste país, mas há também uma cadeia de inovação, que junta empresas e universidades. Tudo para ajudar a que não falte nada àqueles que, no terreno, e em variadas profissões, estão a dar tudo por tudo, para que no fim, possamos ficar todos bem. Estes são apenas alguns (muito poucos) exemplos do que somos capazes, quando somos chamados a olhar uns pelos outros…
Na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT NOVA), uma equipa de 30 pessoas montou uma linha de montagem que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, para produzir com recurso a impressão 3D, máscaras viseiras para vários hospitais. Professores e alunos de doutoramento e de mestrado juntaram-se “para responder às necessidades dos hospitais e profissionais de saúde portugueses que estão a lutar contra a pandemia do Covid-19”, como informou a FCT NOVA num comunicado enviado ao ‘Mundo Português’.
A iniciativa é do Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial (DEMI), com a colaboração do FCT Fablab e as máscaras estão a ser produzidas numa sala de laboratório da faculdade. A FCT Nova já recebeu pedidos dos hospitais de Santa Maria, Cascais, Garcia de Orta e Vila Franca de Xira. Foram, ainda, contactados por um grupo de enfermeiros que distribuem por vários hospitais do Barreiro, Setúbal e Montijo. No início desde mês, a equipa disponibilizou o modelo que está a usar para alargar a capacidade de produção deste equipamento de proteção individual. “A comunidade que disponha de máquinas impressoras 3D é deste modo convidada a juntar-se ao esforço comunitário e participar no fabrico de viseiras para profissionais de saúde”, explicam. O modelo e as especificações podem ser ‘descarregados’ em https://www.fct.unl.pt/
Ainda no final de março, investigadores da FCT NOVA produziram cerca de 300 litros de gel desinfetante que foram entregues a hospitais da região de Lisboa.
Também em Lisboa, o IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia, está a desenvolver viseiras para hospitais em Lisboa, Amadora e Sintra. “A escola desenvolveu de raiz um projeto de design e produção de viseiras que contribuem, com segurança, para a proteção e minimização da propagação do vírus”, confirma o IADE numa nota enviada ao ‘Mundo Português’, onde refere que o protótipo “foi analisado e validado por profissionais de saúde, e respeitando a regulamentação em termos de material e higiene, estas “são de fácil utilização e reutilizáveis”. Com design de Vasco Milne, modelação 3D de Ruben Martins e Miguel Diniz, e produção de Vasco Milne e Diamantino Abreu, o projeto está atualmente em fase de protótipo, tendo a equipa desenvolvido, em apenas dois dias, 360 viseiras. Dada a necessidade de haver uma maior disponibilização deste material de proteção, o IADE tem já em desenvolvimento, desde o design à produção, mais 600 viseiras, em parceria com a Ondagrafe, uma empresa de produção digital, perfazendo assim um total de 960 viseiras que serão doadas aos Hospitais Beatriz Ângelo, Santa Maria, Amadora Sintra e Estefânia.

Instituto Politécnico de Viana do Castelo, em parceira com empresas  da região e a Universidade Estadual Paulista, Brasil, desenvolveu um protótipo de ventilador mecânico, de baixo custo

Um protótipo de ventilador no Minho

Mais a norte, o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), em parceira com empresas nacionais da região e a Universidade Estadual Paulista, Brasil, desenvolveu um protótipo de ventilador mecânico, de baixo custo. “O primeiro protótipo e a prova de conceito experimental, recorrendo a um simulador humano, foram já realizados com sucesso na Escola Superior de Saúde do IPVC. Neste momento, o grupo encontra-se a melhorar e afinar a solução desenvolvida, bem como a preparar testes mais rigorosos que permitam caracterizar o desempenho do sistema em termos de pressão e fluxo de ar com o objetivo de validar a sua performance clínica”, adianta o IPVC numa nota de imprensa. As próximas fases do projeto precisam do “envolvimento mais próximo das entidades nacionais reguladoras de saúde e clínicos utilizadores finais do sistema, de forma a possibilitar a demonstração do protótipo em ambiente hospitalar e definir enquadramento legal da solução que permitam, posteriormente, planear a sua produção em quantidade e uma utilização alargada face à atual situação de emergência nacional”, avança o IPVC.
Mas há mais inovação no IPVC: estudantes e docentes do curso de licenciatura em Mecatrónica do Instituto Politécnico de Viana do Castelo estão a produzir viseiras de proteção contra o Covid-19 para oferecer a diversas instituições da região do Alto Minho. Em produção desde 01 de abril, as primeiras viseiras produzidas “foram já entregues à Polícia Marítima de Viana do Castelo”, refere o IPVC. “A segunda entrega foi feita ao Centro Paroquial e Social de Grade, “seguindo-se o Hospital de Santa Luzia, entre outras instituições já referenciadas”, acrescenta a nota. Numa parceria solidária que contou com a colaboração de “uma empresa local que produziu e ofereceu uma centena de hastes”, parte das viseiras “estão a ser produzidas numa impressora 3D, pertencente aos laboratórios da ESTG, e incluem acetatos A4 e elásticos”.
Outro instituto politécnico, o e Leiria, está a colaborar com várias unidades de saúde e empresas da região no sentido de apoiar a construção e entrega de viseiras para a proteção individual dos profissionais de saúde. “As impressoras 3D existentes nos laboratórios e unidades de investigação do Politécnico de Leiria estão já a produzir as peças plásticas para os apoios de cabeça em articulação direta com empresas da região que disponibilizam as viseiras transparentes e as fitas de fixação na cabeça”, informa o Instituto Politécnico de Leiria, sublinhando que estas viseiras estão já a ser usadas, mas são precisas ainda mais.
Por isso, convida outras instituições a associarem-se a esta campanha, imprimindo as peças dos apoios de cabeça nas suas impressoras 3D, de acordo com o ficheiro de impressão disponível em https://cdrsp.ipleiria.pt/fique-em-casa/. Depois de impressas, basta entregar as peças para serem anexadas aos restantes componentes para se montarem as viseiras completas que são entregues aos Centros Hospitalares da Região. As peças devem ser deixadas num caixote aberto que se encontra nas centrais de vigilância para serem recolhidas e devidamente higienizadas antes da utilização. Os primeiros pontos de recolha funcionam das 09h às 18h nos Serviços Centrais do Politécnico de Leiria, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, na Escola Superior de Artes, na Associação Empresarial da Região de Leiria e no Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Marinha Grande).

Há um movimento de solidariedade que está a acontecer no dia-a-dia deste país, mas há também uma cadeia de inovação, que junta empresas e universidades.

Universidades fabricam testes

Há várias instituições universitárias a apoiar um meio fundamental na luta contra o Covid-19: os testes de diagnóstico. A Universidade de Lisboa assumiu o fabrico diário de cerca de 1.000 testes para o novo coronavírus. No início do mês, o reitor António Cruz Serra. “Desde hoje (30 de março) o Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa está a começar a fazer 300 testes por dia, a Faculdade de Farmácia está também a fazer 300 testes por dia a partir de amanhã (terça-feira), o Instituto Superior Técnico (IST) ainda esta semana poderá fazer 400 testes por dia”, precisou António Cruz Serra, durante a apresentação da nova unidade de apoio hospitalar da Câmara e da Universidade de Lisboa, na Cidade Universitária.
No Porto, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) iniciou no dia 06 deste mês, a realização de testes de diagnóstico do Covid-19. “O i3S é uma das primeiras instituições a associar-se aos hospitais nacionais na realização” desses testes e está a responder a um pedido feito pelo Centro Hospitalar Universitário São João, informou aquele centro de investigação da Universidade do Porto (U.Porto). O diretor do i3S, Claudio Sunkel, explicou que esse apoio foi solicitado pelo Hospital de São João.
Mais de 150 investigadores responderam ao pedido e voluntariaram-se para integrar as equipas que participam nas diferentes fases do processo. Numa fase inicial, o i3S prevê realizar entre 100 a 150 testes diários, mas o número deverá aumentar “à medida que os procedimentos forem agilizados e os reagentes estiverem disponíveis no mercado”. A linha de testes está a ser montada no piso zero do i3S e em duas salas técnicas que ficam no mesmo piso.
Mais a sul, a Universidade do Algarve (UAlg) e o MARK 6, uma startup algarvia de prototipagem e inovação, estão a canalizar a sua atividade para diminuir a escassez de zaragatoas utilizadas nas colheitas de despistagem ao Covid-19, produzindo diariamente cerca de 300 unidades. “Depois de uma conversa com a diretora do curso de Medicina, Isabel Palmeirim, percebeu-se que a maior necessidade se relacionava com a produção de zaragatoas”, recorda Joana Pedroso, estudante de Marketing na UAlg e cofundadora da empresa. E assim fizeram. “Testamos para verificar se era o pretendido e neste momento estamos já produzir 300 por dia, mas pretendemos aumentar esta quantidade”, promete Daniel Varela, pós-graduado em Design e Prototipagem Rápida da UAlg.

Ana Grácio Pinto

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