A União Europeia (UE) considerou hoje que o plano dos Estados Unidos para um governo de transição na Venezuela sem Nicolas Maduro nem Juan Guaidó está em linha com a solução pacífica preconizada pelos Estados-membros.
Segundo o responsável pela diplomacia europeia, Josep Borrel, a proposta dos Estados Unidos foi “acolhida positivamente, num quadro de transição democrática na Venezuela”, numa declaração conjunta dos 27 países que constituem a União Europeia.
“A proposta americana está em conformidade com o pedido da União Europeia para se alcançar uma solução pacífica para a crise através de negociações para estabelecer um governo democrático, o que é mais necessário do que nunca hoje”, disse Josep Borrel, após uma videoconferência dos ministros dos Negócios Estrangeiros europeus.
A UE está particularmente inquieta com o impacto devastador no plano humano que a pandemia do coronavírus poderá ter num país confrontado com uma grave crise económica, social e humanitária.
Os EUA pediram, na terça-feira, a Juan Guaidó para renunciar, pelo menos provisoriamente, à presidência da Venezuela até à realização de novas eleições. Uma mudança de tática que soou a fracasso na estratégia de expulsar Maduro do poder.
A estratégia passa agora por Nicolás Maduro e Juan Guaidó renunciarem imediatamente ao poder executivo e confiá-lo, num período de transição, a um Conselho de Estado que será construído por deputados dos dois partidos e que têm assento no parlamento venezuelano.
Em troca, os EUA prometem levantar progressivamente as sanções consoante o ritmo da implementação deste governo de transição.
A União Europeia diz estar pronta para contribuir, nomeadamente através do grupo de contacto internacional, no processo inclusivo para o restabelecimento da democracia num Estado de direito, via uma eleição presidencial livre e justa.
O governo de Maduro, em comunicado, recusou este apoio esperando que a UE “mostre apoio ao projeto de Washington no levantamento de sanções ilegais contra a Venezuela”.
“Apelamos aos Estados-membros da UE para respeitar a soberania do povo venezuelano e relembramos que, como signatários da Carta das Nações Unidas, o mínimo que podem fazer é respeitar os seus objetivos e princípios”, acrescentou o executivo de Maduro.