Os episódios de urgência em março caíram 45% face ao período homólogo do ano anterior, totalizando 295.451 casos, segundo o Barómetro Covid-19, que analisou a procura dos serviços de urgência no primeiro mês da pandemia.
Apesar das causas desta quebra ainda não terem sido apuradas, o estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) afirma que “a associação entre o início da pandemia e a redução desta procura é evidente”.
Como explicações para esta redução, aponta “a consciência moral de não sobrecarregar serviços que estão concentrados na resposta à pandemia, a limitação de deslocação e isolamento social/quarentena, dificuldades em encontrar transportes ou mesmo o evitar a exposição ao risco de contaminação”.
Também pode ter como causa “uma redução natural das razões que motivam a ida às urgências como acidentes de trabalho, acidentes rodoviários, procura por baixas profissionais momentâneas, gripes e constipações com sintomatologia pouco grave, menos traumatismos desportivos, etc”.
O barómetro analisou a série histórica de urgências em Portugal continental entre 2014 e 2019, em que constatou “uma certa homogeneidade nos valores”.
Durante o mês de março de 2020 foram registados 295.451 episódios de urgência, um número “estatisticamente diferente da média global observada nos três anos anteriores de acordo com cada Administração Regional de Saúde (ARS) e cor da triagem de Manchester (sistema de triagem por prioridade nas urgências hospitalares)”, referem os investigadores em comunicado.
“Como expectável, as ARS Norte e Lisboa e Vale do Tejo concentravam o maior volume de episódios ao longo da série, e apresentaram grandes reduções em valores absolutos em março de 2020”, enquanto a ARS Alentejo apresentou “a menor redução percentual do número de episódios sendo concomitantemente a região do país onde houve menos casos confirmados de covid-19” em Portugal.
Entre os efeitos positivos, o estudo realça “a redução de urgências de cor verde”, contribuindo para a redução das “urgências inadequada” em Portugal, “o país onde se utiliza mais a urgência/emergência hospitalar ‘per capita’ no espaço da OCDE”.
Contudo, alerta, “a redução de urgências de cor amarela poderá não só ter um impacto direto na não resolução dos atuais problemas que deixaram de ser expressos em procura, como no adiar de situações que se tornarão mais graves no futuro”.
Os investigadores ressalvam que este estudo é realizado durante o decurso da pandemia e apresenta algumas limitações decorrentes desta situação, como a falta de informação sobre as características da utilização destes serviços.
Procura de serviços de urgência caiu 45% em março
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