Na fábrica de Lavre, os dias seguem praticamente inalterados e com um impacto mínimo na linha de produção. Há 167 anos que a conserveira Ramirez se dedica a fazer chegar produtos de qualidade ao mercado e, como já aconteceu em ocasiões anteriores, agora é a altura em que mais precisa de laborar. “Temos consciência de que o nosso produto é, em contextos como este, muito desejado e um bem de primeira necessidade. Por isso, tudo estamos a fazer para corresponder às inúmeras solicitações de todos os nossos parceiros”, referiu à revista EXAME Luis Avides Moreira, administrador-adjunto da empresa.
Avides Moreira nota que a loja online, que exporta para toda a Europa, teve um “crescimento avassalador” no último mês e que em dois dias a organização foi obrigada a alargar os tempos de entrega para conseguir responder à procura. Por essas razões, a empresa não acredita precisar de recorrer a nenhuma das medidas recentemente anunciadas pelo Governo. E aproveita para alertar os governantes de que “o problema do regular fornecimento das matérias primas” é atualmente uma grande preocupação da Ramirez e de todo o setor conserveiro, e de que é urgente ter informação sobre a abertura da época de pesca da sardinha e sobre as quotas de pesca para 2020, assuntos sobre os quais não tem havido qualquer comunicação, lamentou o administrador.
A Ramirez fez ainda saber que “como resposta social a este momento” decidiu dar ao mercado “mais 10% de peixe nos produtos de maior rotação: o atum em óleo vegetal e o atum em azeite”. E sugere que “baixar o escalão de IVA das conservas de peixe seria, nesta fase, também uma ajuda extraordinária para as famílias portuguesas”. Recorde-se que embora o atum em conserva pague a taxa reduzida do IVA (6%), as conservas de sardinha, por exemplo, pagam a taxa intermédia de 13%.
Novas medidas de segurança para combater o surto de Covid-19
A Ramirez colocou 65% dos seus colaboradores de back-office e do departamento comercial em regime de teletrabalho e garante que nas funções obrigatoriamente presenciais o impacto dos planos de contingência implementados foram mínimos. Recorde-se que em indústrias deste género o nível de segurança e higiene exigido já é bastante elevado, sendo que a fábrica da Ramirez tem passado por sucessivas remodelações, sendo atualmente uma das mais tecnológicas e avançadas do setor, em termos mundiais.
Ainda assim, garante o responsável, foram implementadas novas medidas de segurança para combater o surto de Covid-19, nomeadamente a criação de uma sala de isolamento, a medição da temperatura diária a todos os colaboradores, a obrigação de uso de máscaras e luvas, a criação de diversos horários de almoço para evitar concentração de pessoas e o reforço da frequência de limpeza das superfícies e equipamentos de contacto, entre outras.
A Ramirez, que continua a ser uma empresa familiar, emprega atualmente mais de 200 pessoas e produz anualmente 70 referências que se refletem em 50 milhões de latas de conserva.