Os portugueses têm uma relação de carinho com as classes profissionais que associam ao serviço público, mas infelizmente, mais em situações de calamidade ou de emergência!
Por exemplo muito se tem desvalorizado o papel das Forças Armadas; se tem aniquilado a tropa e é bom recordar a “destruição” e esvaziamento de funções que recentes ex-governantes, levaram em frente, a nível dos Hospitais Militares e dos Laboratórios Militares. Porém, nestes tempos em que um inimigo invisível declarou guerra, não conhecendo países ou fronteiras, o povo lembrou-se e viu que afinal as Forças Armadas, não são só precisas quando derrubam uma ditadura; mas tem um papel tão importante como os bombeiros, quando enfrentam as chamas e protegem a vida e a propriedade; assim como os médicos e os enfermeiros, que não rejeitando sacrifícios, nos atendem nas urgências, numa qualquer situação, e não apenas em situação de pandemia, e que, ultimamente eram notícia por frequentes agressões!
Neste campo da saúde, viu-se quanto é importante o SNS ( Serviço Nacional de saúde) quando muitos com responsabilidades politicas, clamavam que o futuro era a saúde privada e os seguros!
O privado é que era bom, mas veja-se o caso do Hospital dos SMAS ( bancários)
Talvez por tudo isto, estas sejam algumas das classes profissionais mais admiradas em Portugal e que a comunicação social, bem, valoriza.
No campo da saúde – e único apoio da ciência médica; nesta verdadeira tragédia, no momento em que escrevo estas linhas, é de quase 20% dos infectados com o novo coronavírus são médicos e enfermeiros. Dá que pensar!
E numa altura em que uns se aproveitam de forma imoral, da tragédia que vivemos, sejam vendendo máscaras, luvas e gel desinfectante a preços proibitivos, ou aproveitando para despedimentos e encerramentos, de empresas propriedade de empresários que só estão bem quando lhes entre dinheiro a rodos; não nos podemos esquecer de tantas outras classes profissionais que honram a noção de serviço público, independentemente serem ou não funcionários públicos. Trabalhadores das mais diversas profissões que mostram que mesmo em Estado de emergência, ou de calamidade, há certos serviços que são absolutamente indispensáveis para não regredirmos, num ápice, e morremos à fome, ou isolados de tudo e todos. Profissionais como, os padeiros, os carteiros, os motoristas dos transportes públicos e de mercadorias, os funcionários das estações de serviço, dos serviços de limpeza, das forças de segurança, das farmácias, dos supermercados e os bancários e os agricultores que tem que continuar a semear e a produzir e a dar de comer aos gados.
Voltando às Forças Armadas, e ao seu papel, depois de se ter acabado com um Serviço Militar Obrigatório, uma estupidez, que só podia ser pensada por quem nunca vestiu uma farda e soube o que era disciplina e método e acção, de realçar que na última semana, estiveram a ser montadas 500 camas, nos três pavilhões da cidade universitária de Lisboa. Destas, 300 foram fornecidas pelo Exército Português e 150 pela Cruz Vermelha.
Foi ainda instalada uma tenda sobre um relvado sintético, com capacidade para mais 100 camas. A ideia foi libertar espaço nos hospitais Santa Maria, São José e São Francisco Xavier, e atender apenas doentes com Covid-19, “com baixas necessidades de internamento”, segundo a Câmara de Lisboa.
A partir desta infra-estruturas libertaram os hospitais recursos, que têm de estar concentrados em apoiar os doentes que estão em situação mais critica, que serão acompanhados nos edifícios dos hospitais centrais.
O chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, na altura referiu que, neste momento, as Forças Armadas têm, além das 300 cedidas ao hospital de campanha, “2000 camas por todo o país, sendo que 500 delas estão na região de Lisboa, na Base Naval do Alfeite, em Almada, e nalgumas unidades militares do Exército da Força Aérea”. “O que estamos a fazer nas Forças Armadas é apoiar com todos os nossos recursos o Serviço Nacional de Saúde”, frisou Silva Ribeiro. Da Escola Prática de Engenharia de Tancos, unidade onde assentei praça em 1981, o regimento de Transportes assegurou a projeção do Módulo de Apoio Militar de Emergência do Agrupamento Sanitário. Esta manobra logística, inserida no Apoio Militar de Emergência (AME) consistiu no transporte do Módulo AME do Agrupamento Sanitário, de Tancos para o Hospital das Forças Armadas – Polo de Lisboa (HFAR-PL).
Este Módulo, constituído por 6 tendas de arco com capacidade para 32 camas de internamento em ambiente climatizado, 15 ventiladores e geradores para a produção de energia de suporte, permitiu aumentar a capacidade de resposta do HFAR-PL.
Mas temos mais exemplos das Forças Armadas ao serviço dos Portugueses!
Por exemplo o Exército descontamina Lar em Resende, cujos residentes acusaram infeção por COVID-19 – Os militares do Elemento de Defesa Biológica, Química e Radiológica do Exército estiveram hoje na Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Resende, onde asseguraram a descontaminação das infraestruturas ocupadas pelas pessoas infetadas por Covid-19; o Exército apoia Lar de Nossa Senhora das Dores, em Vila Real- Seis militares asseguram os serviços de enfermagem e a substituição de parte dos funcionários, prestando cuidados a cerca de 60 utentes. Os militares pertencem ao Regimento de Infantaria N.° 13. Tantos e tantos exemplos se podem descrever e noticiar, de que afinal quando muitos levantam a sua voz e referem que as “tropa” não faz sentido, nos dias de hoje, se tenha que repensar que afinal no futuro há que pensar em mais Forças Armadas e mais hospitais públicos e menos e melhores políticos eleitos!
OPINIÃO DE _ António Freitas