O presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse que vai deixar as portas abertas para que refugiados entrem na União Europeia (UE) por sua fronteira. Ele também criticou a postura das autoridades gregas, que têm impedido de forma violenta o desembarque de migrantes em seu território.
Em um discurso, Erdogan contestou severamente o comportamento da polícia grega, que impede a entrada de milhares de migrantes no país. “Não há qualquer diferença entre o que os nazistas faziam e as imagens que nos chegam da fronteira grega”, disse o presidente, classificando as autoridades de Atenas de “bárbaras” e “fascistas”.
A declaração foi uma reação aos vídeos recentes que mostram policiais gregos atirando contra botes de refugiados. Atenas também está sendo acusada de ter criado um centro de detenção secreto e extrajudicial para deter migrantes que chegam ao país e depois expulsá-los. O governo grego nega as acusações.
O presidente turco aproveitou a ocasião para ameaçar novamente as autoridades europeias, na tentativa de obter mais apoio financeiro, retomar as negociações para adesão do país ao bloco e abolir a exigência de visto europeu para seus cidadãos. Diante da inércia de Bruxelas, desde o final de fevereiro Ancara abriu sua fronteira, facilitando a entrada de milhares de refugiados, vindos principalmente da vizinha Síria.
“Manteremos as medidas atualmente em vigor na fronteira até que as expectativas da Turquia (…) recebam uma resposta concreta”, disse Erdogan. “Não pedimos esmola a ninguém. O que queremos é que as promessas se mantenham”, completou.
Europeus dizem que estão sendo “chantageados”
A UE acusou Erdogan de fazer “chantagem” com a questão migratória e pediu a Ancara que respeite os termos de um acordo UE-Turquia firmado em 2016, que prevê que os migrantes fiquem na Turquia em troca de uma ajuda financeira europeia. Já o governo turco alega que é necessário atualizar o acordo com os últimos acontecimentos na Síria, sobretudo, na província de Idlib, ao noroeste do país, onde cerca de um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas desde o início de uma ofensiva lançada em dezembro. Os ataques, coordenados em parceria com a Rússia, também mataram soldados turcos que atuam na região.
Na terça-feira (10), o presidente turco disse esperar progressos nestas questões durante uma cúpula do Conselho Europeu prevista para 26 de março. Ele também anunciou que receberá a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, em Istambul, na próxima semana, para conversar sobre estas questões.
O governo turco já abriga 3,6 milhões de sírios em seu território e teme que este número aumente por causa da crise humanitária em Idlib.