A produção de vinhos algarvios já ultrapassa um milhão de garrafas e numa década o número de produtores triplicou, após o abandono quase total das vinhas na região devido ao ‘boom’ turístico a partir da década de 1970.
“Há dois anos foi atingido um marco no crescimento na produção, quando foi ultrapassada a barreira de um milhão de selos”, revelou à Lusa a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), Sara Silva, acrescentando que o número de produtores triplicou de 16, em 2010, para 45, no ano passado. Contudo, de acordo com aquela responsável, apenas “30 e poucos estão a colocar produto no mercado ativamente”, sendo que os outros aguardam para lançar o produto “ainda este ano”, o que faz com que seja expectável um “aumento de referências no mercado” em 2020, sublinhou.
No Algarve há atualmente 1.500 hectares de vinha cultivada, mas “apenas 800 são controlados pela comissão e inscritos para a produção de vinho de indicação geográfica e denominação de origem Algarve”, havendo ainda uma parte da vinha que “não é canalizada para a produção de vinho de qualidade”, informou.
No entanto, há uma previsão de crescimento, já que existem “vários projetos” para novas plantações, ”seja de produtores já inscritos na CVA” ou de potenciais novos produtores, sendo que em 2019 houve pedidos para um aumento de cerca 150 hectares para novas plantações para produção de vinho certificado. O crescimento do número de produtores e da área de vinha cultivada dá-se após um período de declínio do setor, sobretudo no litoral, onde, a partir 1970 as vinhas foram sendo substituídas por campos de golfe e empreendimentos. A adega cooperativa de Lagoa, por exemplo, chegou a produzir por ano quase quatro milhões de litros de vinho, sendo que era o vinho desta zona do Algarve que abastecia os militares que lutavam nas ex-colónias portuguesas em África. Formada por agremiação de agricultores locais em 1944 e oficialmente declarada em 1951, foi a primeira do país onde se formularam os processos legais e os procedimentos que estiveram na base da criação das muitas adegas que se lhe seguiram.