Medidas de contenção no futebol deviam ser aplicadas noutros setores

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As associações de futebol adotaram medidas de contenção à propagação do Covid-19, que passam pela suspensão e jogos à porta fechada, e, em declarações hoje à Lusa, algumas defendem a extensão dessa ação a outros setores da sociedade.

“As atividades que não sejam obrigatórias e imperativas poderão parar, seguramente, mas há as que são necessárias e indispensáveis à vida pública e social que se terão, necessariamente, que manter”, defendeu o presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP), Lourenço Pinto.

A AFP suspendeu toda a atividade do seu futebol até 23 de março, altura em que a situação será “analisada e reavaliada”, e Lourenço Pinto considerou que foi “a medida necessária e que se impunha na defesa do interesse da saúde pública”.

“Temos de ter a consciência que a saúde pública é um bem público e a coisa pública tem que ser respeitada em toda a abrangência. É óbvio que noutros sítios e locais as medidas não são tao severas, porque há espetáculos de caráter cultural ou social, ou bares e restaurantes, mas todos têm de pensar e atuar”, disse.

Lourenço Pinto alerta, mas “sem alarmismo”, para o cuidado que todos devem ter com esta situação, “porque a informação recolhida diariamente aponta para que este novo coronavírus (Covid-19) é muito contagioso e coloca em causa a saúde pública”.

“Todos os cuidados são poucos e as medidas excecionais terão que ser tomadas como precaução e prevenção, para que não se expanda para limites incontroláveis”, afirmou Lourenço Pinto, que defendeu a suspensão das atividades lúdicas como forma de contenção.

O presidente da AFP entende que “as atividades que não são obrigatórias e imperativas deveriam ser suspensas durante algum tempo, por forma a que as pessoas pudessem pensar, estudar e verificar a melhor maneira de atuar, enquanto não houver meios de saúde capaz de suster o ímpeto agressor deste vírus”.

Lourenço Pinto referiu que a suspensão dos campeonatos não acarreta implicações financeiras significativas para os clubes e associações, “mas mesmo que houvesse algum custo, todo o que poderia haver seria absolutamente nulo em função da defesa da saúde pública”.

“Com dinheiro não se compra saúde. Com saúde obtém-se dinheiro, dignidade, respeito e futuro. Olhar pela nossa saúde, nomeadamente pela juventude, é olhar pelo dia de amanhã e não podemos pensar, nesta altura, apenas no lucro, no económico e no financeiro”, frisou Lourenço Pinto.

Ainda de acordo com o dirigente, “há que ter coragem de, uma vez por todas, não pensar em fazer, mas fazer”.

“Deixem-se de palavras. Pratiquem atos eficazes, objetivos e concretos, que possam resultar numa situação positiva para a nossa população e em particular para a nossa juventude, que são os nossos homens de amanhã”, concluiu.

O presidente da Associação de Futebol de Aveiro (AFA), Arménio Pinho, entende que a decisão de suspender os jogos, como forma de prevenção e contenção do Covid-19, para “não correr riscos”, devia ser concertada com as restantes áreas da sociedade.

“Se é para conter, é para conter mesmo. Nós vimos os erros cometidos em Itália, que se tivessem atuado mais cedo não teriam chegado a estas proporções. Não vamos abrir exceções para ninguém, parámos tudo e fizemos um ponto zero”, disse.

A suspensão será reavaliada daqui a 15 dias, altura em que será decidido se será levantada, e retomados os jogos, ou se o prazo será alargado.

“Não vamos fazer uns jogos à porta aberta e outros à porta fechada. Tem de haver uma prevenção coletiva, sem entrar em pânico, e que toda a gente saiba o que anda a fazer e se proteja e proteja os seus”, concluiu Arménio Pinho.

O dirigente considera que o exemplo de que “mais vale prevenir do que remediar” deve ser seguido por outras áreas sociais e disse que “a sociedade deve ponderar o que está, ou não, a fazer” e que “a saúde está sempre em primeiro lugar”.

“Temos informação, plano de contingência e kits para combater o coronavírus, pois não podemos correr riscos e este é um exemplo que devia ser seguido e adotado por todos”, explicou.

A epidemia foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.

Cerca de 117 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 631 mortos e mais de 10.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

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