O tema do concurso 7 Maravilhas de 2020 é dedicado à cultura popular e a iniciativa pretende promover o vasto e diversificado património cultural e imaterial nacional.
Segundo nota do município de Gouveia, num universo popular concelhio imenso, foi decidido levar a concurso quatro elementos, entre sete temáticas candidatáveis. “Nesse sentido, irão a concurso a Lenda da Senhora do Monte (União de Freguesias de Mangualde da Serra e Aldeias); Festas do Sr. do Calvário (Gouveia); Romaria à Sra. da Assedace (Folgosinho); e Cantigas da Tia Baptista (Vinhó)”, pode ler-se.
Lenda da Senhora do Monte
A Lenda da Senhora do Monte está associada às atividades tradicionais e a um local enigmático do concelho, o Coruto de Alfátema. Diz a lenda que apareceu a Nossa Senhora a uns segadores que andavam pelo coruto, junto a três grandes carvalhos. Esta aparição converteu-se, terrenamente, numa imagem sagrada. Surpreendidos, os populares decidiram trazer a imagem para a Igreja Matriz. No dia seguinte a imagem desapareceu, surgindo junto ao local onde foi encontrada, interpretando a comunidade este sinal, como local de culto à Nossa Senhora. A sua romaria realiza-se a 15 de agosto.
Festas do Sr. do Calvário
As Festas do Sr. do Calvário, conhecidas como a “Maior Romaria das Beiras”, realizam-se anualmente, até à segunda segunda-feira depois do primeiro domingo de agosto. Existe desde 1838 e tem como motivo central o conjunto arquitetónico do monte do Senhor do Calvário. Do programa fazem parte um conjunto alargado de diligências religiosas, como as procissões e outras cerimónias litúrgicas, assim como outras atividades paralelas, com destaque para a Feira de Atividades Económicas e Produtos Locais, a Mostra Associativa, a Mostra de gado ovino e caprino, a Festa do Livro, o Espaço Miniatura Automóvel, a “Super Especial Rally”, organizado pela “Serra a Fundo”, os concertos das Bandas Filarmónicas e os espetáculos infantis, para além dos concertos e do Festival Internacional de Folclore, que já conta 44 anos. Uma das principais características do certame é o facto de se realizar nas principais artérias da cidade, em torno da ermida do Senhor do Calvário, nunca perdendo a ligação entre patrono e comunidade, que sente a festa como parte integrante da sua identidade.
Romaria à Sra. da Assedace
A Nossa Senhora da Assedace é a protetora dos pastores e do gado da Serra da Estrela por excelência. É a prova da profundidade das raízes da memória popular em relação aos lugares, que povoam o imaginário da comunidade, durante séculos, sobrevivendo em rituais, como a romaria, e em lendas, como a da própria capela. Deste lugar isolado sabemos que foi habitado na Idade Média, como aldeia da Serdaça, que derivou toponimicamente ao longo dos séculos, até à fórmula atual. O abandono deste local deu-se em benefício de Folgosinho, para onde, diz a lenda, a comunidade fugiu depois de uma praga de formigas que tudo assolou, menos a ermida, que ainda hoje aí se mantém. Depois deste sinal divino de incorrupção, a comunidade fez votos de regressar todos os anos, a 8 de setembro, para adorar e celebrar a Nossa Senhora protetora da serra e dos seus habitantes.
Cantigas da Tia Baptista
O cancioneiro da Tia Baptista é um património cultural imaterial de grande relevância regional, que demonstra o afeto e o carinho que a comunidade ofereceu a uma freira clarissa, que ficou conhecida pelas suas cantigas ao som do pandeiro e pela adoração a uma imagem do Menino Jesus. Com as celebrações centradas na Igreja Matriz de Vinhó (Igreja do antigo Convento da Madre de Deus), onde a freira abriu uma capela para instalar o objeto da sua adoração e para onde foi trasladado o seu corpo, o seu cancioneiro permanece vivo, muito pela voz do Rancho Folclórico de Vinhó, que leva no seu reportório as cantigas da freira santificada pelo povo. A sua celebração é a 18 de maio, data do seu falecimento.