Lusodescendente Philippe Pereira é candidato à autarquia de Nogent-sur-Marne

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Em Nogent-sur-Marne, uma das cidades mais importantes do departamento mais português de França, há pela primeira vez um cabeça de lista lusodescendente: Philippe Pereira pode chegar a presidente da Câmara.
“Eu assumo muito a minha identidade portuguesa, mas sou um candidato francês, enquanto cidadão francês”, afirmou Phillipe Pereira em declarações à agência Lusa. Nas vésperas das eleições municipais em França, que vão ter a primeira volta a 15 de março e a segunda a 22 de março, a agência Lusa passou uma manhã de campanha com Philippe Pereira.
Este luso-descendente de 41 anos, que após dois mandatos como vereador na lista do autarca que se recandidata, Jacques J.P. Martin – há 19 anos à frente de Nogent-sur-Marne -, decidiu lançar-se como candidato principal numa lista liderada por si.
“Não sou candidato contra o autarca atual, o que não seria honesto intelectualmente e politicamente. Mas tenho uma visão diferente daquilo que Nogent deve ser para os próximos anos. E tem a ver com a governação e com o método. O nosso autarca tem uma certa idade, tem uma visão que pode corresponder a uma visão mais antiga da política local e temos uma população que mudou muito na cidade”, indicou Phillipe Pereira que se instalou com a família na cidade em 2007 e é dono de três escolas de formação de inglês na região.
Integrando sempre as listas de direita como candidato independente, o lusodescendente foi-se aproximando desde as presidenciais de 2017 do partido ‘Republique En Marche’, que apoiou a eleição do Presidente Emmanuel Macron. E, quando chegou a altura do partido ter um candidato em Nogent, ele era o mais bem qualificado.
“Quando Macron foi eleito, achei o movimento bastante interessante. Correspondia à visão que tinha da ligação que devia haver entre a esquerda e a direita em termos políticos, nomeadamente a nível local”, afirmou o candidato.
Nogent-sur-Marne é uma cidade de cerca de 33 mil habitantes, no departamento do Val-de-Marne – onde a emigração portuguesa começou a chegar nos anos 1960 e onde ainda há uma grande comunidade nacional – e a maior parte da sua população são atualmente famílias que aproveitam a tranquilidade desta vila e a proximidade a Paris, onde muitos dos seus habitantes trabalham.
Acima de tudo, os residentes querem manter o seu estilo de vida, com menos carros e uma densidade populacional que permita manter o espírito de aldeia.
Philippe Pereira caracteriza a comunidade da cidade como “discreta”.
“É uma comunidade discreta, há duas associações muito dinâmicas, mas que não se envolvem em política, sempre com medo de se aproximarem. Acho que há uma dificuldade em abrirem-se às outras comunidades, mas isso é um trabalho que a câmara pode apoiar”, descreveu. Nogent-sur-Marne chegou mesmo a ter um consulado português até 2007, o que mostra o peso da comunidade nesta região.
O candidato lusodescendente quer, acima de tudo, uma cidade mais aberta para todos e com maior participação.
“Falamos muito de democracia participativa e é óbvio que aqui isso não existe. O presidente da Câmara é alguém que dirige muito sozinho e não delega, é uma maneira que funcionou no passado, mas agora as pessoas aspiram a envolver-se”, disse.
Philippe Pereira diz estar “confiante” para a ida às urnas, embora considere que nenhuma lista consiga ganhar sozinha e pensando já em possíveis alianças para a segunda volta das eleições.

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