O risco da epidemia do Covid-19 em Portugal será reavaliado nas próximas horas e medidas anunciadas hoje pelo Governo poderão ser alargadas nos próximos dias, admitiu hoje a ministra da Saúde, numa conferência de imprensa.
“Dado que se aguardam ainda resultados de casos suspeitos validados em investigação, o risco que levou à determinação destas medidas será reavaliado nas próximas horas, durante o dia de amanhã, tomando-se ainda e dando conta das medidas julgadas necessárias oportunamente”, afirmou a ministra Marta Temido.
Segundo a ministra, aquilo que as autoridades de saúde procuraram fazer foi dar um passo em frente em relação aos acontecimentos: “sabemos que para além dos cinco casos importados que temos no país, temos um deles com ligações muito fortes a um ‘cluster’, um pequeno grupo de doentes diagnosticados”.
A ministra adiantou também que, dos contactos dos 412 casos que estão atualmente sob vigilância das autoridades de saúde no país, há mais de 200 que têm “ligação a um destes casos”.
Pelo que, defendeu a ministra: “Aquilo que a prudência e a necessidade de adoção das medidas proporcionais adequadas à salvaguarda da saúde pública recomendaram (…) foi este conjunto de medidas, que (…) em função da avaliação de risco poderão ser alargadas nas próximas horas ou nos próximos dias”.
Para já, a ministra anunciou hoje, numa conferência de imprensa, que as visitas a hospitais, lares e estabelecimentos prisionais da região Norte foram suspensas temporariamente devido à epidemia Covid-19 e recomendou o adiamento de eventos sociais.
Marta Temido disse ainda que a Escola Básica e Secundária de Idães, em Felgueiras, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e o edifício do curso de História da Universidade do Minho foram encerrados devido ao surto de Covid-19.
“Identificámos que casos recentemente confirmados como Covid-19 estiveram em instituições de ensino, elevando o risco de transmissão nessas instituições”, disse a ministra da Saúde, na conferência de imprensa conjunta com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
A ministra acrescentou que as autoridades de saúde estão neste momento a avaliar “se outras medidas serão necessárias”.
Estas medidas foram anunciadas depois de ter sido divulgada a confirmação de 21 casos de infeção com o novo coronavírus em Portugal, mais oito do que os contabilizados na sexta-feira, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado ao início da noite pela DGS, há 43 novos casos suspeitos, num total de 224 registados desde o início do ano, estando 47 a aguardar resultado laboratorial.
A região Norte é a que regista mais casos confirmados de infeção, com 15, seguindo-se a Grande Lisboa, com cinco, e um no Centro do país.
O mapa disponibilizado pela DGS não regista casos no Alentejo, Algarve e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
As 21 pessoas com infeção pelo Covid-19 confirmada estão hospitalizadas, de acordo com a DGS.
Destes 21 doentes, cinco resultam de importação do vírus, dos quais quatro em Itália e um em Espanha.
Um dos casos importados infetou outras nove pessoas, refere a DGS.
Relativamente à caracterização dos 21 doentes, 15 são homens e seis são mulheres, a maioria (seis homens e duas mulheres) têm entre 40 e 49 anos.
O paciente mais velho é uma mulher, com idade entre 70 e 79 anos, lê-se no boletim da DGS.
As autoridades de saúde têm 412 pessoas em vigilância por contactos com infetados.