Antiga sede da Ordem dos Templários, Tomar é uma cidade de grande encanto, pela sua riqueza artística e cultural. O expoente máximo está no Convento de Cristo, um das mais importantes obras do Renascimento em Portugal. Fundada por D. Gualdim Pais – cavaleiro Templário em 1 de Março em 1158 ( data do início da construção do castelo) já que o pequeno e já velho castelo de Ceras ( lugar situado a Norte a cerca de 12 Km) era a única fortificação em todo o vasto território que D. Afonso Henriques deu aos Templários.
Por ser pequeno ou estar arruinado, o certo é que D. Gualdim Pais acabou por escolher outro sítio para construir o principal castelo dos Templários, o primeiro que ele construiu em Portugal. Uma lápide, por cima da entrada da torre de menagem, diz-nos que a construção do castelo no dia 1 de Março de 1160, logo no ano seguinte aos Templários terem chegado a Ceras.
Mas como chegou D, Gualdim até este local?
Um documento de 1317, ou seja 157 anos depois dos acontecimentos, é a fonte mais antiga que nos conta esta história. Aí está escrito que Gil Esteves, «depois de ter jurado, sobre os Evangelhos, dizer a verdade», disse que ouvira dizer a seu avô, Martim Tinoca, o que ele também já lhe tinha contado um tal D. Mendo, ainda mais velho:
Um besteiro foi ter com D. Gualdim e contou-lhe que, enquanto andava a caçar, tinha encontrado um lugar onde havia um povoado antigo e abandonado. O Mestre veio então ver o sítio, junto ao Nabão, onde estavam as ruínas da cidade de Sellium com a sua ponte romana.
Domingos Paes Roussado também foi ouvido pelo oficial encarregue, por D. Diniz, de fazer esta inquirição. Disse e jurou que ouvira contar a muitos homens-bons antigos que D. Gualdim mandou sortear entre três montes, para escolher em qual se iria construir a nova fortaleza dos Templários. Por três vezes foram lançadas as sortes e por três vezes a sorte escolheu o monte onde está o castelo.
Escolhido o local, alguns dos companheiros de D. Gualdim seguiram para lá. Ele ficou para trás, certamente a explorar as margens do rio e a descobrir as ruínas abandonadas de Sellium. Quando o Mestre dos Templários começou a subir o monte, ouviu os gritos dos seus homens:
« Toma-lo! Toma-lo!» Encontrados os companheiros, percebeu o motivo de toda aquela confusão. Um javali! Os gritos dos homens, enquanto persseguiam o animal, queriam dizer: apanha-o, agarra-o.
Quando D. Gualdim chegou e viu o javali, já morto, decidiu que Tomar seria o nome do castelo e do povoado que iriam fundar. A palavra «tomar» também tinha, e ainda tem, o sentido de conquista. Conquistar ou tomar um castelo ou uma cidade, por exemplo.
Imagens da última festa dos Tabuleiros em 2019 em que o Presidente da República marcou presença em todo o cortejo e cuja Festa está preparar Candidatura a Património Nacional e Imaterial da Unesco
Este ano vão ser homenageadas pessoas e instituições que se destacam no concelho. As distinções realizam-se durante a sessão solene da Assembleia Municipal de Tomar, que decorre no Cine-Teatro Paraíso, a partir das 11h00. Vão ser distinguidos com a Medalha de Honra do Município: Maria João Morais, Eugénio de Almeida, Manuel Baptista da Conceição (a título póstumo) e Luís Graça. A Medalha de Valor e Altruísmo (grau ouro) será atribuída a António Rosa Dias e Rui Manuel Dias da Costa. Com a Medalha Municipal de Mérito (grau ouro) vão ser agraciados, o jornalista do jornal ” A Capital” a olisopógrafo Ápio Cláudio Matos Sottomayor, Urbano Antunes Rei ( advogado da cidade) Augusto Bento Moucho, ( advogado da cidade) António Jacinto Ferreira, António Manuel Gomes Branco, Manuel Silva Marques de Brito, Tuna Templária, Agrupamento de Escuteiros 44, Sociedade Recreativa e Musical da Pedreira, Doçaria Estrelas de Tomar e João António Godinho Granada.
A Medalha Municipal de Valor Desportivo (grau ouro) vai ser entregue à atleta do União de Tomar Carolina Feliz que, aos 60 anos, se sagrou campeã nacional de Estrada.
A 1 de Março haverá ainda a cerimónia comemorativa do aniversário dos Bombeiros Municipais de Tomar, pelas 16h00, no quartel. Às 18h00, no Cine-Teatro Paraíso realiza-se um concerto com a Orquestra Sinfónica de Thomar. Qualquer que seja o motivo para visitar a cidade, que está a 1H30 de Lisboa e 2H00 do Porto subir ao castelo templário e descobrir a obra monumental do Convento de Cristo é imprescindível. A Charola é a parte mais antiga. Este oratório templário foi construído no séc. XII, assim como o castelo, que na época era o mais moderno e avançado dispositivo militar do reino, inspirado nas fortificações da Terra Santa. Foi transformada em Capela-Mor aquando da reconstrução ordenada por D. Manuel I, no séc. XVI, altura em que o conjunto ganhou o esplendor arquitetónico que ainda hoje se preserva e que lhe justificou a classificação como Património da Humanidade.
Vale a pena ver o Convento com atenção para ir descobrindo algumas preciosidades, como as representações no portal renascentista, a particular simbologia da Janela Manuelina da Sala do Capítulo, os pormenores de arquitetura do Claustro Principal e as dependências ligadas aos rituais templários. Para melhor perceber a sua história, é importante saber como a Ordem dos Cavaleiros do Templo se transformou em Ordem de Cristo, salvaguardando o poder, o conhecimento e a riqueza que tinham em Portugal. O célebre Infante D. Henrique, mentor da epopeia dos Descobrimentos, foi um dos seus governadores e protetores mais importantes.
A partir do Convento, podemos descer a pé pela Mata dos Sete Montes até ao centro histórico. Indo pela estrada, vemos a meio do percurso a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, uma pequena joia renascentista, obra do português João de Castilho que também trabalhou no Convento.
A seguir, há que visitar Tomar. A área urbana mais antiga, medieval, organiza-se em cruz, orientada pelos pontos cardeais e tendo um convento em cada extremo. A Praça da República, com a Igreja Matriz dedicada a São João Baptista marca o centro, tendo a oeste a colina do Castelo e do Convento de Cristo. Nas ruas em redor podemos encontrar lojas de comércio tradicional e o café mais antigo onde se podem apreciar as delícias da pastelaria local: queijadas de amêndoa e de chila e as tradicionais Fatias de Tomar, confecionadas apenas com gemas de ovos e cozidas em banho-maria numa panela muito especial, inventada por um latoeiro da cidade em meados do século passado.
A sul, o Convento de São Francisco, onde se pode visitar atualmente o curioso Museu dos Fósforos e, a norte, o antigo Convento da Anunciada. A este, no local do atual Museu da Levada, vemos as antigas moagens e moinhos que trabalhavam com a força do rio Nabão que atravessa a cidade. Numa das margens, fica o Convento de Santa Iria e nessa direção, um pouco mais longe, a Igreja de Santa Maria do Olival, onde se encontram os túmulos de vários templários, entre os quais o de Gualdim Pais, o primeiro mestre, morto em 1195.
Toda a cidade se organizou a partir deste núcleo, também palco de um dos maiores eventos tradicionais, a Festa dos Tabuleiros.
Para além de ter testemunhado as lutas da Reconquista Cristã, no séc. XII, Tomar preserva um interessante testemunho da religião hebraica, a antiga Sinagoga do séc. XV, hoje Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto, dedicado ao distinto astrónomo e matemático quatrocentista. Situado na antiga Rua da Judiaria tem uma valiosa coleção documental e epigráfica. De notar os buracos que se veem em cada canto e que indicam a colocação de bilhas de barro na parede para aumentar as condições acústicas do espaço.
Aos pontos de interesse já referidos, acrescenta-se o Núcleo de Arte Contemporânea, onde se guarda a coleção de um dos mais importantes historiadores de arte portugueses do séc. XX, o Professor José-Augusto França.
Para descansar do passeio cultural, nada como uma pausa no Parque do Mouchão. É um lugar fresco, onde se pode ver a Roda do Mouchão, uma roda hidráulica em madeira. É um ex-libris da cidade e evoca os tempos em que os moinhos, os lagares e as áreas de cultivo ao longo do rio contribuíam para a prosperidade económica de Tomar.
Mas há ainda motivos de passeio nas proximidades, como Castelo de Bode, uma das maiores albufeiras do país, onde se pode fazer um tranquilo cruzeiro com almoço a bordo ou optar por uma diversidade de desportos aquáticos.
ANTÓNIO FREITAS com fontes
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