Uma praça em homenagem ao navegador português Fernão de Magalhães foi inaugurada no dia 11 de fevereiro no Rio de Janeiro, com a presença de figuras de Estado.
A ‘Praça da Circum-Navegação’ está localizada em frente à Baía de Guanabara, um dos primeiros locais onde Fernão de Magalhães aportou há 500 anos na América, aquando da sua histórica viagem ao serviço da coroa espanhola.
E onde o navio-escola “Sagres” atracou a 10 de fevereiro, e permaneceu até ao dia 15, após ter saído de Portugal em 05 de janeiro, para também ele seguir as pisadas do navegador português.
“Mais do que ser direcionada a Portugal, esta placa é direcionada ao navegador português e à circum-navegação. Tínhamos o plano de dar o nome de Fernão de Magalhães a uma praça ou escola, mas não foi possível designar dessa forma porque já existe uma artéria aqui com esse nome. Dessa forma, decidimos chamá-la de ‘circum-navegação’, mas na placa está descrita a homenagem a Magalhães”, disse à Lusa o cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Jaime Leitão.
“É também um momento interessante porque foi feito simultaneamente à estadia da ‘Sagres’ no Rio de Janeiro, que está aqui mesmo em frente. Quando propus este lugar, achei também graça ao facto de a praça estar ao lado de uma roda-gigante (Rio Star, maior roda-gigante da América Latina), numa alusão à circum-navegação, também ela redonda”, acrescentou Jaime Leitão, impulsionador do projeto.
Na cerimónia de homenagem, sob forte chuva, estiveram também presentes figuras como a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, o embaixador de Portugal em Brasília, Jorge Cabral, ou a prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella.
Ao som da banda da Marinha de Guerra Portuguesa, que tocou os hinos do Portugal e do Brasil, foi feita a homenagem ao navegador português, tendo o prefeito Crivella declamado versos do poeta Fernando Pessoa, num elogio à “bravura” dos portugueses, quando descobriram o território brasileiro.
“Nós não podemos deixar de proclamar que na origem do povo brasileiro existe a fibra de uma nação que não se conformou com a determinação geográfica de viver entre a Espanha e o mar e, na força dos seus navegadores, cruzou os abismos para construir novos mundos. O Brasil é herança dessa valentia e bravura. No nosso sangue pulsam as mais altas tradições desse povo heroico que marcou a história”, indicou Crivella.

A ‘Praça da Circum-Navegação’ está localizada em frente à Baía de Guanabara, um dos primeiros locais onde Fernão de Magalhães aportou há 500 anos na América
Proximidade histórica
Também Berta Nunes sublinhou a importância do esforço dos navegadores portugueses, como Fernão de Magalhães ou Pedro Álvares Cabral, reconhecendo “algumas menos valias” e “percalços” do período dos descobrimentos.
“Com o navio-escola Sagres e com o descerramento desta placa, a circum-navegação, Fernão de Magalhães e (o navegador espanhol) Sebastião de Elcano ficam aqui imortalizados para memória futura, sendo muito importante este ato simbólico, que irá preservar esta memória. Foi também Portugal que há 500 anos conseguiu globalizar o mundo no sentido de ligar territórios e culturas desconhecidas”, afirmou a secretária de Estado em declarações à Lusa.
O embaixador Jorge Cabral admitiu que a programação que Portugal tem delineada para celebrar os 500 anos da viagem de Circum-navegação é “ambiciosa”, afirmando que a inauguração de uma rua ou praça em nome do navegador português foi sempre um objetivo primordial.
“Esta placa é uma referência que vai aqui ficar registada. Sempre tivemos a expectativa de conseguir concretizar este objetivo, aqui, perto da Baía de Guanabara, onde a frota de Magalhães aportou na América. A nossa programação é ambiciosa, passando por todos os países que fizeram parte da rota do navegador. No caso do Brasil, em que temos esta proximidade histórica, é muito importante este registo físico da chegada da frota”, realçou o diplomata.
No âmbito das referidas celebrações, o navio-escola Sagres aportou ao Rio de Janeiro através das águas da baía de Guanabara, reentrância costeira que deu nome à embarcação quando esta pertencia à Marinha do Brasil, após mais de um mês a navegar à vela.
A viagem vai prolongar-se durante 371 dias e o navio-escola vai passar por mais de 20 portos de 19 países diferentes. Em 30 de dezembro, a embarcação da Marinha chega a Portugal, mais precisamente, a Ponta Delgada, nos Açores, estando o regresso a Lisboa agendado para 10 de janeiro de 2021.