Foi lançado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e vai estudar a saúde e a qualidade de vida dos adultos que nasceram prematuros.
O ‘HAPP-e’ (Health of Adult People born Preterm – an e-cohort pilot study / Saúde dos adultos que nasceram prematuros – um estudo pioneiro), vai centrar-se nos adultos que nasceram com menos de 37 semanas de gestação e será realizado a nível global, através de ferramentas digitais.
“Tem sido demonstrado que a maioria das crianças que nascem prematuras se adaptam extraordinariamente bem durante a transição para a idade adulta”, explica uma nota do ISPUP enviada ao ‘Mundo Português’.
O Instituto refere que os adultos com historial de prematuridade representam, hoje, uma parte significativa da população, mas “uma parte significativa, ainda que pequena, mantém um risco acrescido de anomalias neurológicas, comportamentais ou de personalidade, assim como problemas cardiovasculares e metabólicos, em comparação com os adultos nascidos a termo”.
E são os problemas que o fator prematuridade pode acarretar pra a saúde de um adulto, que vão ser investigados pelos reasponsáveis do estudo.
Para desenvolverem a investigação, os cientistas vão criar uma ‘coorte’, grupo de participantes que partilham uma característica e que são seguidos ao longo do tempo para melhor se compreender a evolução da sua saúde.
Seguidos em plataformas web
O coordenador do projeto e presidente do ISPUP explica que este é o primeiro projeto cujo recrutamento é feito online para estudar as consequências na saúde dos nascimentos prematuros.
“Existem algumas coortes de adultos prematuros, a nível mundial, mas nenhuma delas foi recrutada por esta via, com base nas pessoas da população geral, e em que o seguimento dos seus participantes é feito de forma online”, revela Henrique Barros.
O investigador acrescenta que o ‘HAPP-e’ será uma ‘e-coorte’, ou seja, uma coorte eletrónica, “onde o recrutamento e o acompanhamento dos participantes ao longo do tempo serão realizados recorrendo a ferramentas digitais, como plataformas web”.
O método vai permitir aos investigadores chegarem a participantes-alvo diversos e geograficamente dispersos, potencialmente mais representativas ou que incluam pessoas que habitualmente não são recrutadas.
É ainda “muito mais vantajoso para os participantes” no que respeita à rechoa de dados, “uma vez que estes podem responder às questões sem sair de casa”, destaca Henrique Barros. “Apesar de se tratar de uma coorte online, todas as medidas foram tomadas para garantir a confidencialidade, a privacidade e a proteção da informação”, acrescenta o também docente da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP).
ISPUP procura candidatos
A ‘coorte’ está agora em fase de recrutamento. Todos as pessoas com mais de 18 anos que tenham nascido prematuros, são convidados a participar no estudo, através do preenchimento de um questionário online, presente na plataforma, e que pode ser acedido aqui.
“A adesão dos participantes é fundamental para melhorarmos o conhecimento sobre as condições dos adultos que nasceram prematuros. Com este projeto, pretendemos contribuir para a publicação de resultados científicos que melhorem a saúde dos participantes e que ajudem a orientar futuras políticas de saúde pública”, sublinha Henrique Barros.
Nesta fase, e dada a globalidade do projeto, o questionário estará disponível em português, inglês, francês e alemão. Várias ações de comunicação vão ser levadas a cabo para divulgar globalmente o estudo e recrutar participantes.
Para além do ISPUP, o HAPP-e conta com a participação do INESC-TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, responsável pelo desenvolvimento da plataforma web. A estes juntam-se ainda os contributos dos investigadores do projeto europeu “Horizon 2020 RECAP-preterm”.
https://happ-e.inesctec.pt/