A taxa de desemprego fechou 2019 nos 6,5%, menos 0,5 pontos percentuais face a 2018 e próximo da estimativa que o Governo tinha feito (de 6,4%). Mas o subemprego mantém-se elevado: no quarto trimestre de 2019, havia 678 mil pessoas sujeitas a um trabalho onde não utilizam as qualificações que adquiriram.
No quarto trimestre de 2019 a taxa de desemprego em Portugal foi de 6,7%, mais 0,6 pontos percentuais do que no trimestre anterior e igual ao mesmo trimestre de 2018, revelou hoje o INE (Instituto Nacional de Estatística) nos resultados do Inquérito ao Emprego.
No global de 2019, a taxa de desemprego fixou-se em 6,5%, “tendo diminuído 0,5 p.p. (pontos percentuais) relativamente a 2018”, divulgou ainda o INE.
No último trimestre do ano passado, a população desempregada foi estimada em 352,4 mil pessoas, e aumentou 9% em relação ao trimestre anterior. Significou mais 29 mil desempregados. “Um aumento desta dimensão só encontrou paralelo no 4.º trimestre de 2011”, refere o relatório do INE.
A taxa de desemprego dos homens (6,0%) foi inferior à das mulheres (7,5%) em 1,5%, tendo ambas as taxas aumentado 0,6% em relação ao trimestre anterior.
Quanto à população empregada, no último trimestre de 2019 estavam a trabalhar em Portugal 4.907,6 mil pessoas – menos 0,8% em relação ao trimestre anterior, ou seja, menos 40,2 mil pessoas.
Mas aumentou o número de trabalhadores em 0,5% (24,6 mil) quando comparado com o último trimestre de 2018. A taxa de emprego dos homens (60,5%) excedeu a das mulheres (50,9%) em 9,6%, tendo ambas as taxas diminuído em relação ao terceiro trimestre.
No conjunto de todo o ano passado (de janeiro a dezembro), o INE contabilizou 4.913,1 mil pessoas empregadas, mais 1% do que em 2018: houve mais 46,4 mil pessoas a trabalhar em 2019 do que em 2018.
Quanto ao número de desempregados, 2019 registou 339,5 mil – menos 7,2% (26,4 mil pessoas) que em relação a 2018. Mas este foi o menor decréscimo observado desde 2014, quando a população desempregada começou a diminuir.
49,9% são desempregados de longa duração
Em termos de média anual, em 2019, a população em idade ativa somava 5.252,6 mil pessoas e aumentou 0,4% em relação ao ano anterior (mais 20 mil), situando-se em 59,3%.
Para a variação anual da população empregada contribuíram principalmente o aumento do emprego no segmento das mulheres (28,0 mil; 1,2%), das pessoas dos 45 aos 64 anos (43,9 mil; 2,1%), pessoas com nível de escolaridade completo correspondente ao ensino secundário e pós-secundário (76,2 mil; 5,7%), empregados no sector dos serviços (67,3 mil; 2,0%) – sobretudo nas atividades de saúde humana e apoio social (23,5 mil; 5,2%), trabalhadores por conta de outrem (28,3 mil; 0,7%), com contrato sem termo (70,7 mil; 2,2%) e empregados a tempo completo (49,6 mil; 1,1%).
A taxa de emprego (15 e mais anos) situou-se em 55,4%, tendo aumentado 0,4% em relação a 2018.
Em 2019, a taxa de desemprego de jovens entre os 15 e os 24 anos situou-se em 18,3%, dois pontos percentuais abaixo do estimado para o ano anterior.
Dos jovens dos 15 aos 34 anos residentes em Portugal, 9,5%, ou seja, 210,1 mil, não tinham emprego nem estavam a estudar ou em formação, uma percentagem que diminuiu 0,4% (8,1 mil) em relação a 2018.
Já quanto à proporção de desempregados de longa duração, ao números são bem mais elevados: do total de desempregado, 49,9%, estavam à procura de emprego há um ano ou mais. Mesmo assim, esta percentagem diminuiu 1,% em relação a 2018.
Do terceiro para o quarto trimestre de 2019, 76,5 mil pessoas transitaram do emprego para o desemprego e 195,8 mil passaram do emprego para a inatividade. Assim, o total de pessoas que deixaram de estar empregadas, no espaço de apenas um trimestre, foi 272,3 mil.
Do outro lado da balança, os desempregados que conseguiram voltar ao mercado de trabalho foram estimados pelo INE em 84 mil pessoas e os provenientes da inatividade em 148,2 mil. No total, 232,2 mil pessoas conseguiram regressar ao mercado de trabalho terceiro para o quarto trimestre de 2019. Mesmo assim, o fluxo de emprego teve um saldo negativo: entre o total de entradas e saídas do mercado, houve um saldo de 40,2 mil pessoas desempregadas.

No total do ano, a região Centro foi também a que menos desemprego registou: 4,9%, inferior à média nacional – que se fixou em 6,5%
Menos emprego nos Açores e mais no Centro
Portugal fechou 2019 em contracíclo com a União Europeia, já que a taxa de desemprego recuou em dezembro para os 7,4% na zona euro, o valor mais baixo desde 2008, e para os 6,2% na União Europeia, o registo mais baixo desde a publicação mensal do indicador, segundo o Eurostat, o departamento de estatística da EU. Em dezembro, Portugal registava uma taxa de desemprego de 6,9%.
Há outro número negativo, em relação ao trimestre de 2019: a taxa de desemprego foi superior à média nacional em todas as regiões do país, com exceção do Centro (5,2%). A taxa de desemprego foi de 7,6% na Região Autónoma dos Açores, de 7,3% no Alentejo, de 7,1% no Norte e na Área Metropolitana de Lisboa, de 7,0% na Região Autónoma da Madeira e de 6,8% Algarve.
“Em relação ao trimestre anterior, e à semelhança do observado globalmente para Portugal, a taxa de desemprego aumentou em todas as regiões. Os três maiores acréscimos trimestrais foram observados no Algarve (1,5%), na Área Metropolitana de Lisboa (0,7%) e no Norte (0,5%”, revela o relatório do Inquérito ao Emprego.
No total do ano, a região Centro foi também a que menos desemprego registou: 4,9% e inferior à média nacional – que se fixou em 6,5% no conjunto do ano. As taxas de desemprego mais elevadas e superiores à média nacional, foram observadas nas restantes regiões: Região Autónoma dos Açores (7,9%), Área Metropolitana de Lisboa e Algarve (7,1%), Região Autónoma da Madeira (7,0%), Alentejo (6,9%) e Norte (6,7%).
Quando comparado com 2018, o ano passado melhorou os índices de desemprego por regiões em quase todas. A exceção foi o Algarve, onde se verificou um acréscimo de 0,7% de um ano para o outro.
Apesar de ter sido a região com índices de desemprego mais elevados, a diretora regional do Emprego e Qualificação Profissional do Governo dos Açores referiu, em nota enviada à imprensa, que “o número de desempregados no quarto trimestre de 2019, ou seja 9.128, é o mais baixo da atual série do Inquérito ao Emprego, que se iniciou no primeiro trimestre de 2011, há nove anos”. Os dados, acrescenta Paula Andrade, validam a “consolidação da tendência de diminuição do desemprego e de crescimento do emprego que se vem registando desde 2011” no arquipélago.
Entendimento diferente tem o PSD dos Açores. O líder dos Trabalhadores Sociais-Democratas (TSD), defende por seu turno que o Governo Regional “não encontra respostas atempadas e adequadas” para o desemprego na região. “A taxa de desemprego registada no último trimestre de 2020 atesta a incapacidade do Governo socialista para resolver este problema que atinge muitos milhares de famílias açorianas”, defende Joaquim Machado, citado em nota de imprensa dos sociais-democratas açorianos.

No quarto trimestre de 2019, havia 678 mil pessoas em situação de subemprego, ou seja, sujeitas a um trabalho onde não utilizam as suas qualificações.
Subemprego mantém-se alto
No quarto trimestre de 2019, havia 678 mil pessoas em situação de subemprego, ou seja, sujeitas a um trabalho onde não utilizam as suas qualificações. “A subutilização do trabalho aumentou 1,5% (mais 10,3 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e diminuiu 5,0% (35,5 mil)” em relação ao quarto trimestre de 2018, revela o INE.
Cresceu o subemprego de trabalhadores a tempo parcial: abrangeu 155,7 mil pessoas, mais 10% (14,2 mil) do que no trimestre anterior, mas menos 7,2% (12,2 mil) do que no trimestre homólogo.
Em outubro do ano passado, indicadores do Eurostat revelavam que o peso dos ‘part-times’ involuntários no mercado de trabalho disparou em 2011, com a crise, e tem-se mantido elevado. A taxa de subemprego entre trabalhadores a tempo parcial em Portugal situava-se nos 37,4% e era a quarta mais elevada no conjunto da União Europeia,. À frente de Portugal, na dimensão desta forma de trabalho que pode ainda ser absorvida com dinamismo no mercado de trabalho, estavam Grécia (70%), Chipre (52%) e Espanha (45%).
Apesar do aumento no quarto trimestre de 2019, a população desempregada e a subutilização do trabalho “têm descrito uma trajetória descendente desde o primeiro trimestre de 2013, acumulando até ao momento uma diminuição de 62% e de 53,9%, respetivamente, abrangendo 574,4 mil e 791,6 mil pessoas”, revelou o INE. No global de 2019, a subutilização do trabalho abrangeu 690 mil pessoas, menos 7,2% (53,9 mil) do que em 2018.
Numa reação aos dados do Inquérito ao Emprego, do INE, a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, destacou a diminuição da taxa de desemprego anual para 6,5%, referindo não haver razão para alterar previsões para 2020. “É o valor mais baixo desde 2003 e demonstra bem esta capacidade que houve ao longo dos últimos quatro anos de criação de emprego e de diminuição do número de pessoas desempregadas”, disse Ana Mendes Godinho.
A governante disse ainda que “não há razões para alterar previsões”, o objetivo é “criar respostas para formação, reconversão e capacitação”. “Continuar a apostar na capacidade de criação de emprego e dinamização da economia e acima de tudo criar formas de responder às populações mais vulneráveis com alguns programas especiais” é o objetivo, disse a ministra referindo-se aos programas destinados aos desempregados de longa duração, jovens, inscrição de estrangeiros na Segurança Social e ao incentivo à fixação de trabalhadores no interior.
Ana Grácio Pinto
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