Um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a estudar o impressor português Rodrigo Álvares que, em 1488, terá participado na impressão do primeiro livro em língua portuguesa “O Sacramental”.
A academia localizada em Vila Real, revelou, em comunicado, que o professor José Barbosa Machado tem desenvolvido um “intenso trabalho” sobre os primeiros livros impressos em língua portuguesa, com destaque para “O Sacramental” e para o “Tratado de Confissom”, ambos impressos em Chaves, em 1488 e 1489, respetivamente.
No comunicado, o investigador da UTAD referiu que o impressor Rodrigo Álvares era natural de Vila Real, “terá participado na impressão do primeiro livro em língua portuguesa” e terá “aprendido com os castelhanos a arte de impressão que desenvolveu, primeiro em Chaves e mais tarde no Porto”.
E, segundo José Barbosa Machado, a escolha de “Chaves para a impressão destes livros explica-se pela sua proximidade da fronteira”.
“Do ponto de vista económico, era desvantajoso aos impressores castelhanos deslocaram-se a Braga ou ao Porto, devido ao mau estado das estradas, às distâncias significativas que teriam de percorrer e ao peso do material de oficina: as impressoras, os tipos em metal e o papel”, afirmou o professor.
Com o propósito de dar a conhecer esta que diz ser uma “figura pioneira” da edição e da impressão em Portugal, o investigador escreveu a peça de teatro intitulada “O Impressor”, que será levada à cena, em breve, pelos alunos da Universidade Sénior de Chaves.
A obra “O Sacramental” é uma compilação da doutrina cristã comentada e o seu objetivo, segundo explicou, era “o de instruir o clero”.
De acordo com o investigador da UTAD, em 1561, a obra foi colocada no índice de livros proibidos, por ordem do inquisidor-mor, o cardeal D. Henrique, “curiosamente aquele que tinha, quando era arcebispo de Braga, mandado reimprimi-lo em 1539”.
O livro teve quatro edições em Portugal, duas no século XV (Chaves em 1488 e Braga em 1495) e duas no século XVI (Lisboa em 1502 e Braga em 1539), sendo um dos livros, depois dos breviários e missais, com “mais edições” em Portugal naquela época.