A NASA anunciou ter descoberto o primeiro planeta do tamanho da Terra a orbitar uma estrela num zona considerada habitável e relativamente próxima da Terra, a 100 anos-luz de distância, na constelação de Dorado.
O ‘TOI 700 d’ é um dos três planetas que orbitam a mesma estrela anã (os outros dois são o ‘TOI b’ e o ‘TOI c’) e foi descoberto pelo satélite TESS. A informação dada pelo satélite sobre a descoberta do planeta foi confirmada pelo telescópio espacial Spitzer, informam os cientistas da NASA.
“O satélite de pesquisa de exoplanetas em trânsito da NASA (TESS) descobriu o primeiro planeta do tamanho da Terra na zona habitável de sua estrela, a uma faixa de distância em que as condições podem ser adequadas para permitir a presença de água líquida na superfície”, informa a agência espacial norte-americana num comunicado.
O satélite TESS, responsável pela descoberta, foi “projetado e lançado especificamente para encontrar planetas do tamanho da Terra orbitando estrelas próximas”, revelou Paul Hertz, diretor da divisão de astrofísica da NASA, em Washington.
O responsável disse ainda que os planetas que orbitam estrelas próximas “são mais fáceis de acompanhar com telescópios maiores no espaço e na Terra”. “Descobrir o ‘TOI 700 d’ é essencial para o TESS. Confirmar o tamanho do planeta e o estatuto de zona habitável é outra vitória do Spitzer à medida em que se aproxima o fim das operações científicas (deste telescópio)”, concluídas no final deste mês, acrescenta.
Dos três planetas a orbitarem a estrela, apenas o ‘TOI d’ está na chamada zona habitável. É quase do tamanho da Terra (20% a mais), circula a sua estrela em 37 dias e recebe o correspondente a 86% da energia fornecida pelo Sol à Terra.
A estrela tem aproximadamente 40% da massa e tamanho do Sol e cerca da metade da temperatura da superfície.
Uma versão da Terra com ou sem oceanos…
Embora as condições exatas do planeta ‘TOI 700 d’ sejam desconhecidas, os cientistas puderam usar as informações atuais, como o tamanho do planeta e o tipo de estrela que orbita, para gerar modelos de computador e fazer previsões acerca da composição da atmosfera e da temperatura da superfície.
A equipa de pesquisadores do Goddard Space Flight Center da NASA em Maryland, liderada por Gabrielle Englemann-Suissa , modelou 20 ambientes em potencial do ‘TOI 700 d’ para avaliar se alguma versão resultaria em temperaturas e pressões da superfície adequadas à habitabilidade.
Como o ‘TOI 700 d’ está ligado a uma estrela, as formações de nuvens e os padrões de vento do planeta podem ser surpreendentemente diferentes dos da Terra.
Segundo a NASA, uma das simulações aponta para um planeta “coberto por oceanos com uma atmosfera densa e dominada por dióxido de carbono, semelhante ao que os cientistas suspeitam ter cercado Marte quando era jovem”. Nessa simulação, o lado do ‘TOI 700 d’ voltado para a estrela atmosfera conteria uma camada profunda de nuvens.
Outro modelo descreve o ‘TOI 700 d’ como uma versão da Terra atual, mas sem nuvens e onde os ventos soprariam do lado escuro do planeta em direção à face voltada para a estrela.
“Em breve, quando tivermos espectros reais do ‘TOI 700 d’, poderemos voltar atrás, combiná-los com o espectro simulado mais próximo e depois com um modelo”, disse a cientista Gabrielle Englemann-Suissa. “É emocionante, porque apesar daquilo que descobrirmos sobre este planeta, a imagem será completamente diferente do que temos aqui na Terra”, acrescentou.
Ana Grácio Pinto
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