Um robot adaptado às encostas do Douro, que faz a monitorização da vinha e pode, no futuro, vir a fazer trabalhos de pulverização de precisão e poda, está a ser desenvolvido no âmbito do projeto Romovi.
“É a única plataforma que temos neste momento que é compatível a andar nas vinhas de encosta do Douro. Estamos a falar de terrenos com declive acentuado e onde o GPS nem sempre está disponível”, afirmou hoje à agência Lusa o investigador Filipe Santos, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC-TEC).
O robot Romovi foi hoje apresentado na Quinta do Seixo, em Tabuaço, concelho de Viseu, no âmbito do ‘workshop’ “mecanização e automatização em viticultura de encosta”.
O Romovi – Robot Modular e Cooperativo para vinhas de encosta é um projeto apoiado pelo Compete 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, com um investimento elegível de cerca de um milhão de euros.
Para além do INESC-TEC, o projeto conta com a parceria da empresa Tekever e da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID).
Filipe Santos explicou que a “plataforma é capaz de andar na vinha autonomamente” e pode fazer a sua monitorização, ou seja, consegue tirar imagens do estado vegetativo ou de stress hídrico da planta e fazer mapas que vão, depois, ajudar o viticultor a fazer “uma boa gestão da rega ou da fertilização da sua vinha”.
“No futuro, esperamos que ela seja muito mais avançada e que, em detrimento de fazer só apenas monitorização, possa também fazer algumas atividades como pulverização de precisão ou mesmo até a poda autonomamente”, acrescentou.
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FOTOS: ANTÓNIO FREITAS
Filipe Santos disse que acredita que, “numa década, poderá ser possível ter uma solução robótica capaz de andar na vinha a fazer a poda e uma pulverização de precisão”.
A primeira fase do projeto estará concluída em 2020.
Cristina Carlos, diretora técnica da ADVID, referiu que o ‘workshop’ de hoje teve como objetivo mostrar ao setor o projeto que está a ser desenvolvido e lembrou que o Douro é a “maior região vitícola de encosta a nível mundial” e onde existe a “maior necessidade de mão-de-obra por hectare”.
“Temos que reduzir urgentemente a necessidade de mão-de-obra para reduzirmos também os custos de produção”, defendeu.
João Porto, diretor de viticultora da Sogrape, destacou também a particularidade deste robot que “permite trabalhar em vinhas de encosta”.
Para o responsável, este “tipo de soluções tem cada vez mais importância para o Douro porque um dos principais problemas desta região vitivinícola é o da “mão-de-obra”.
“Se nós pensarmos que hoje em dia, por vezes, não conseguimos fazer todo o trabalho que necessitamos na vinha ou se o fazemos, muitas vezes, não é no tempo que gostaríamos porque não existem pessoas a querer trabalhar na vinha, esta mecanização, esta investigação que se faz nesta área é cada vez mais importante”, salientou.
LUSA