Raul José disse hoje em tribunal que foi “sugestão” de Bruno de Carvalho a alteração do treino de manhã para a tarde de 15 de maio de 2018, após o ex-presidente do clube despedir “informalmente” a equipa técnica.
O antigo treinador adjunto do Sporting, que está a ser ouvido na nona sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, explicou ao coletivo de juízes que a equipa técnica, liderada pelo então treinador Jorge Jesus, reuniu na tarde de 14 de maio de 2018 com Bruno de Carvalho, Rui Caeiro e Carlos Vieira, à data, administradores da SAD.
Na reunião, que começou pelas 15:00 e terminou cerca das 17:00, no auditório do Estádio José Alvalade, Raul José afirmou que Bruno de Carvalho comunicou aos quatro elementos da equipa técnica que “era o fim da linha” e que “não contava mais” com eles, tendo saído “com a noção de que já não eram os treinadores” do Sporting.
O antigo adjunto de Jorge Jesus entendeu que tinham sido “despedidos informalmente”, pois mão havia nenhum documento oficial ou nota de culpa.
Raul José contou que foi nessa reunião que Bruno de Carvalho “sugeriu” que fosse alterada a hora do treino do dia seguinte, para que o departamento jurídico do clube tivesse tempo de elaborar e notificar os quatro elementos da nota de culpa, o que foi aceite pela equipa técnica composta por Jorge Jesus, Raul José, Miguel Quaresma e Márcio Sampaio.
O treino de 15 de maio de 2018, dia da invasão a Alcochete, estava inicialmente agendado para a manhã, mas, depois da sugestão de Bruno de Carvalho, Jorge Jesus, após a reunião, passou o treino para as 16:00 desse dia, com conhecimento da restante equipa técnica. A hora do treino foi depois transmitida ao plantel por Vasco Fernandos, secretário técnico, segundo explicou Raul José.
A testemunha relatou que, a pedido de Jorge Jesus, em 15 de maio, entre as 12:30 e as 13:00, foi o primeiro a chegar à academia de Alcochete, para ver se a equipa técnica poderia entrar para dar o treino, pois, até àquele momento, não tinha recebido nenhuma nota de culpa do departamento jurídico do Sporting.
“[O treino] Passou para a tarde [de 15 de maio] para que o departamento jurídico tivesse tempo de formalizar o nosso despedimento. Com justa causa, sem justa causa, chegar a acordo. Tínhamos mais um ano de contrato. Foi Bruno de Carvalho que sugeriu mudar o treino para a tarde, para que o departamento jurídico tivesse tempo. Jorge Jesus aceitou. Fui o primeiro [a chegar à academia] para ver se éramos barrados. De manhã ninguém nos disse nada, por isso comparecemos”, explicou Raul José.
Como conseguiu entrar na academia, telefonou ao então treinador principal do Sporting, comunicando-lhe que “podia vir” para Alcochete, pois “não havia nada” que os impedissem de entrar.
Depois de Raul José terminar o depoimento, começou a ser ouvido Miguel Quaresma, que relatou ameaças e agressões, durante a invasão.
Miguel Quaresma contou que, na reunião, Bruno de Carvalho lhes disse que “o melhor” era a equipa técnica “ir à academia” dar o treino de 15 de maio, pois ainda não havia nota de culpa, devido ao facto de o departamento jurídico do clube não ter tido tempo suficiente para a redigir.
Da parte da tarde, o tribunal vai ouvir Nelson Pereira, em 15 de maio de 2018, treinador de guarda-redes.
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