O número de migrantes internacionais já ultrapassa algumas projeções feitas para 2050. Mais de 6 em cada 10 migrantes são mulheres e crianças.
Os números são da Organização Internacional das Migrações (OIM), no seu mais recente relatório, que analisa dados relacionados com conflitos, crises económicas, eventos climatéricos, entre outras variantes: há 272 milhões de migrantes em todo o mundo.
O número e proporção estimados de migrantes internacionais ultrapassaram mesmo algumas projeções feitas para 2050 – que eram da ordem de 2,6% ou 230 milhões – e revelam que as mulheres e crianças representam mais de seis em cada 10 migrantes.
No primeiro relatório, publicado no ano 2000, os migrantes internacionais eram estimados em 150 milhões e representavam 2,8% da população global. Vinte anos depois, este índice subiu para 3,5%, com um aumento de 122 milhões, revela a ‘ONU News’, a agência de notícias das Nações Unidas.
Segundo o mais recente relatório da OIM, os Estados Unidos da América são o principal país de destino dos migrantes internacionais desde 1970. Em quase 40 anos o número de estrangeiros nascidos naquele país mais do que quadruplicou: de menos de 12 milhões em 1970 para quase 51 milhões em 2019.
A Alemanha surge como segundo principal destino de migrantes – de 8,9 milhões em 2000 passou para 13,1 milhões em 2019. Na lista dos cinco principais países de destino de migrantes internacionais estão ainda Arábia Saudita, Rússia e Reino Unido, revele a ‘ONU News’.
Do número total de migrantes internacionais atuais, 47,9% deles são mulheres e cerca de 13,9% crianças.
E mais de 40% dos migrantes internacionais em 2019 nasceram na Ásia, sendo a Índia o maior país de origem, com 17,7 milhões.
Em segunda posição aparece o México, com 11,8 milhões, seguido da China, com 10,7 milhões. Vários outros países europeus têm populações consideráveis de emigrantes, incluindo Ucrânia, Polónia, Reino Unido e Alemanha.

Os dados globais apontam que o deslocamento causado por conflitos, violência generalizada e outros fatores continua a bater tristes recordes: no final de 2018, o número de pessoas deslocadas internamente devido a violência e conflitos atingiu 41,3 milhões.
Conflitos e crise económica forçam as migrações
O relatório da OIM sublinha que é difícil prever a escala e o ritmo das migrações internacionais, porque está diretamente relacionada com eventos extremos, como forte instabilidade, crise económica ou conflitos e ainda mudanças demográficas, desenvolvimento económico, avanços na tecnologia de comunicações e até o acesso a meios de transporte.
Ao referir a importância do estudo, a OIM destaca a sua importância para a compreensão das migrações e das alterações de locais de deslocação a nível mundial. Informações que são relevantes para os Estados, as comunidades locais e os indivíduos.
Para o diretor-geral da OIM, existe a “obrigação de desmistificar a complexidade e a diversidade da mobilidade humana”. António Vitorino defende que o estudo mostra “um conjunto crescente de dados e informações” que podem ajudar o mundo “a entender melhor os recursos básicos da migração em tempos cada vez mais incertos”.
Neste ano, quase dois terços dos migrantes internacionais, cerca de 176 milhões, residiam em países onde os rendimentos são mais elevados. Outros 82 milhões viviam em países de rendimentos médios e 13 milhões em países de baixa renda.
O relatório revela ainda que a estimativa de remessas de dinheiro enviadas pelos migrantes passou de 126 biliões de dólares na edição do relatório do ano de 2000 para 689 biliões, na recente publicação. Um aumento de mais de 446%.
Os três principais destinatários das remessas foram Índia, com 78,6 biliões de dólares seguida de China e México, com 67,4 e 35,7 biliões, respectivamente.
Os Estados Unidos continuaram a ser o principal país remetente, com 68 biliões de dólares, seguidos pelos Emirados Árabes Unidos, com 44,4 biliões e pela Arábia Saudita, com 36,1 biliões.
Os dados globais apontam que o deslocamento causado por conflitos, violência generalizada e outros fatores continua a bater tristes recordes: no final de 2018, o número de pessoas deslocadas internamente devido a violência e conflitos atingiu 41,3 milhões.
Mais de 30 milhões, quase 75% do total global dessas pessoas deslocadas vivem em apenas 10 países, com a lista a ser encabeçada pela Síria, com 6,1 milhões de deslocados até o final de 2018. Mais de 30% da população do país foi forçada a deslocar-se devido a conflitos e violência.
Já as secas geraram 764 mil novos deslocamentos em 2018, a maior parte deles no chamado ‘Corno de África’ (sudeste africano, constituído por Djibouti, Etiópia, Eritreia e Somália).
Ana Grácio Pinto