O vigilante da entrada que estava de serviço no dia da invasão da academia de Alcochete disse, em tribunal, que foi o coordenador da segurança do clube Ricardo Gonçalves quem autorizou a entrada do BWW azul.
O veículo em causa, conduzido pelo arguido Nuno Torres, entrou na academia do Sporting e saiu de lá minutos depois com vários dos suspeitos que viriam a ser acusados neste processo, incluindo Fernando Mendes, antigo líder da claque da Juventude Leonina.
Rui Falcão explicou ao coletivo de juízes que Ricardo Vaz, do gabinete de apoio aos atletas, lhe ligou a informar que iria entrar na academia um BMW, dando a matrícula do mesmo, para ir buscar “umas pessoas que estavam na área da formação”.
De seguida, relatou a testemunha, telefonou a Ricardo Gonçalves e o coordenador da segurança deu autorização para a entrada da referida viatura na academia.
Rui Falcão admitiu ter-se sentido com “medo” e “ameaçado” quando viu um grupo a entrar pela academia, acrescentando que foi apanhado de surpresa, pois desconhecia que aquelas pessoas se iam dirigir para aquele local.
O julgamento prossegue na próxima segunda-feira, com a inquirição de Ricardo Gonçalves, coordenador de segurança da academia de Alcochete.
No dia seguinte (terça-feira), serão ouvidos o antigo jogador do clube Manuel Fernandes, seguindo-se Rolim Duarte, funcionário do Sporting, e Paulo Cintrão, assessor de imprensa do clube.
Na quarta-feira, 04 de dezembro, serão inquiridos Raul Nunes, Miguel Quaresma e Nelson Pereira, treinador de guarda-redes.
Em 09 de dezembro serão ouvidos os primeiros jogadores: o guarda-redes Maximiano, Wendell e Jeremy Mathieu.
Bruno Fernandes e Ristovsky serão ouvidos em 10 de dezembro, enquanto Acuña e Bataglia vão ser inquiridos em 17 de dezembro e Coates em 19 de dezembro.
Em 15 de maio do ano passado, durante o primeiro treino da equipa de futebol do Sporting, após a derrota na Madeira com o Marítimo, cerca de 40 adeptos ‘leoninos’ encapuzados invadiram a Academia do clube, em Alcochete, e agrediram vários jogadores, bem como o então treinador, Jorge Jesus, e outros membros da equipa técnica.
O atual líder da ‘Juve Leo’, Mustafá, o antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do clube, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.