A luta pela justiça climática juntou hoje em Lisboa milhares de ativistas, numa manifestação que acabou com a promessa de continuar o protesto em Madrid, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP25).
A quarta Greve Climática Global teve hoje em Portugal menos adesão que os eventos anteriores, mas “mesmo sendo menos, continuam a ser muitas pessoas”, disse à Lusa Beatriz Farelo, uma das jovens responsáveis pela organização da Greve Climática Portugal.
Cerca de duas mil pessoas, na sua maioria jovens, concentraram-se hoje de manhã no Largo Camões, em Lisboa, e desfilaram até ao largo em frente à Assembleia da República, onde prometeram não baixar os braços até serem tomadas medidas que garantam a sobrevivência do planeta.
Os protestos fizeram-se sempre em ambiente de festa, com melodias e palavras de ordem apelando para a luta pela justiça climática, para o fim de novos projetos de extração de combustíveis fósseis e para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
“Quando o Governo não tem juízo, o planeta é que paga”, entoaram os jovens pelas ruas de Lisboa, orgulhosos da sua versão de um dos clássicos de António Variações.
No final, ficou a promessa de continuar a luta nas ruas de Madrid, durante a 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Em declarações à Lusa, vários jovens disseram que iriam viajar e marcar presença “nas ruas” madrilenas.
“Para quê ir à escola se não há futuro?” era um dos cartazes exibidos no protesto em Lisboa. Os manifestantes eram, na sua maioria, estudantes nascidos este século, mas também havia ativistas do século passado, como Deolinda Peralta, que acusou precisamente as escolas de estarem “a falhar, mais uma vez”.
“As escolas não estão a fazer o papel delas. As escolas deviam estar na linha da frente, mas não estão. Alguns alunos é que estão à frente das escolas. Mas muitos não têm incentivo ou coragem para faltar às aulas “, disse à Lusa Deolinda Peralta.
Para a ativista de 67 anos, o tema que hoje se discute nas ruas “é muito mais importante do que qualquer aula de aritmética. E não se trata de matéria nova, a Greta (Thunberg) não veio trazer nada de novo. Só veio chamar a atenção para o que os cientistas dizem há muito tempo. E essa mensagem não está a ser ouvida e por isso é preciso mais pessoas a gritar”, defendeu.
A Greve Climática Global em defesa do planeta realizou-se hoje em 157 países de todo o mundo. Portugal participou hoje pela quarta vez, nas vésperas da visita de Greta Thunberg, a jovem sueca que iniciou os protestos em defesa do clima em frente ao parlamento do seu pais, numa ação que em poucos meses se tornou viral.
O grande objetivo do protesto de hoje foi a mobilização para a COP25 – “Na Plataforma Salvar o Clima estamos a organizar transportes e alojamentos para mobilizar o máximo de pessoas possível” – e Beatriz Farelo deixou o apelo: “Por favor não fiquem em casa porque a luta ainda não acabou”.
“Temos de continuar nas ruas porque é aqui que a luta se faz, já que não se faz dentro dos parlamentos nem das grandes empresas”, sublinhou a jovem.