Os Compositores: Manuel Paulo de Carvalho Costa e Jose Carlos Pereira Ary Dos Santos compuseram a bonita letra que Carlos do Carmo que agora se “despediu dos palcos” eternizou e que ficou célebre o “Homem das Castanhas”
“Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono, à esquina do Inverno,
O Homem Das Castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p’ra casa”
Neste dia de S. Martinho os “homens das castanhas” na cidade de Lisboa, não dão mãos a medir. Nos lugares, do qual pagam “terrado” e de localização fixa, faz-se fila para comprar os cartuchinhos de castanhas à dúzia de 2,50 cada. O fumo e o cheiro do fumo tornam estes dias de Outono de uma atmosfera, de uma Lisboa castiça e o “homem das castanhas” resiste, anos a pós ano, como este que frente à Praça de Touros do Campo Pequeno há 35 anos vende castanhas. Na sua “carripana” triciclo motorizado, que no final do dia o leva a casa e, na viagem continua do o assador a elevar-se fumo, qual máquina de comboio de outros tempos, até o calor se dissipar, as brasas de carvão de “pedra” arrefecerem e no dia seguinte voltar ao seu “poiso” a apregoar “quem quer quentes e boas quentinhas”.
Lisboa sem estes ícones, não seria Lisboa a Lisboa castiça, as castanhas saborosas, ficam com outra cor e paladar assadas pelo “castanheiro” que vai deitando sal grosso, que faz crepitar o lume. Neste dia, a família vem ajudar. Já não é um só assador, mas sim uma ilha com 4 bocas de fumo, que as empresas mandam por tradição buscar encomendas de muitas dúzias; no dia de S. Martinho nesta zona onde labutam mais de 30 mil pessoas, muita castanha se come.
Fazendo a comparação entre este Euro com quenos governamos e o saudoso escudo, quem diria que no tempo do escudo, se ia dar 500$00 por uma dúzia de castanhas?
Vinte cêntimos cada castanha, vendidas à dúzia, já em cartuxo pré feito, e não no antigo cartucho feito das listas telefónicas. O saco de 20 Kg de castanha, da variedade, mantinhas, verdeal, longal ou judia, vinda das terras frias de Trás os Montes ou da Serra de S. Mamede, está nos supermercados a 3 Euros/ 4 Euros o Kg, sairá dos produtores a 1 euro e não interessa quantas castanhas depois de assadas dá um Kg ; o “homem das castanhas” é eterno. Assar castanhas no Outono e Inverno é a sua sina, o seu modo de vida e no Verão vende gelados. Ao frio à chuva e vento, Lisboa é diferente das outras cidades europeias, onde se assa castanhas, mas não se perfuma o ar, com este fumo “sagrado e tradicional” graças ao homem das castanhas o “castanheiro” como se apelida em Lisboa
António Freitas
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