São três dias de festa e animação que as Aldeias Históricas de Portugal vão apresentar na bela e secular Monsanto, aldeia do concelho de Idanha-a-Nova.
De 8 a 10 de novembro será a vez da aldeia histórica de Monsanto receber o ciclo ‘12 em Rede – Aldeias em Festa’ que, até ao final do ano, leva cultura e animação às Aldeias Históricas de Portugal.
Tendo como tema ‘Histórias da Aldeia entre a Noite e a Madrugada’, o programa vai oferecer música, visitas temáticas, workshops, gastronomia e muito mais. O programa é extenso e diversificado, para todas as idades e com entrada gratuita.
“Quantas histórias guardam as ruas, casas e recantos da Aldeia Histórica de Monsanto? Infinitas, talvez. São essas histórias, contos e lendas de que a aldeia tem sido testemunha, através dos tempos, que vão inspirar a festa” de 8 a 10 de novembro, convida a Associação Aldeias Históricas de Portugal.
Para os visitantes será também uma excelente oportunidade para descobrir aquela que foi eleita, em 1938, a ‘Aldeia mais Portuguesa de Portugal’.
A rede de televisão britânica BBC considerou-a, ainda, “a aldeia mais invulgar de Portugal”, provavelmente porque ali, as casas estão em harmonia com as pedras da encosta, “levando-nos a perguntar ‘se a casa nasceu da pedra ou a pedra nasceu da casa’”, sublinha a Associação Aldeias Históricas de Portugal.
Também José Saramago, no seu livro ‘Viagem a Portugal’, destacou a visita a esta aldeia histórica, escrevendo que “de pedras julgava o viajante ter visto tudo. Não o diga quem nunca veio a Monsanto”.
O ciclo ‘12 em rede – Aldeias em Festa 2019’ é promovido pela Associação de Desenvolvimento Turístico Aldeias Históricas de Portugal e termina em dezembro. Depois de Monsanto, a festa segue para Almeida, nos dias 29 e 30 de novembro e Belmonte, de 27 a 30 de dezembro.
A rede das Aldeias Históricas de Portugal é constituída por 12 aldeias icónicas – Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso.
Monsanto: aldeia com um encanto singular
Monsanto situa-se a nordeste das Terras de Idanha, aninhada na encosta de uma elevação escarpada – o cabeço de Monsanto (Mons Sanctus) – que irrompe abruptamente na campina e que, no seu ponto mais elevado, atinge 758 metros.
Pelas várias vertentes da encosta e no sopé do monte, existem lugarejos dispersos, que provam a deslocação populacional em direção à planície.
Quanto aos vestígios arqueológicos, revelaram ter ali existido um castro lusitano, para além de indicarem que houve ocupação romana no denominado campo de S. Lourenço, no sopé do monte. Vestígios da permanência visigótica e árabe foram também encontrados. A parte mais antiga da aldeia está no ponto mais alto, onde os Templários construíram uma cerca com uma torre de menagem.
D. Afonso Henriques conquistou Monsanto aos mouros e em 1165 faz a sua doação à Ordem dos Templários, que sob as ordens de D. Gualdim Pais, mandou edificar o Castelo. O primeiro foral foi concedido por este rei em 1174, sucessivamente confirmado por D. Sancho I (1190) e D. Afonso II (1217). A D. Sancho I se deve também a repovoação e reedificação da fortaleza, desmantelada nas lutas contra Leão, novamente reparadas um século depois, pelos Templários.
D. Dinis deu-lhe Carta de Feira em 1308, a realizar junto da ermida de S. Pedro de Vir-a-Corça e D. Manuel I outorgou-lhe Foral Novo (1510) e deu-lhe a categoria de vila. Em meados do séc. XVII, D. Luís de Haro, ministro de Filipe IV, tenta o cerco a Monsanto, sem sucesso. Mais tarde, no início do século XVIII, o Duque de Berwick cerca também Monsanto, mas o exército português, comandado pelo Marquês de Minas, derrotou o invasor nos contrafortes da escarpada elevação.
No século XIX, o castelo medieval foi parcialmente destruído pela explosão acidental do paiol de munições.
A gloriosa resistência aos invasores (romanos ou árabes, não se sabe bem) comemora-se na Festa de Santa Cruz, deitando-se das muralhas do castelo simbólicos cântaros com flores, levando as mulheres ao cimo das torres as tradicionais bonecas de trapos, as conhecidas ‘marafonas’.
Não deixe de visitar…
Quem passar por Monsanto não pode deixar de visitar o que resta do castelo na escarpada encosta onde se pode observar a alcáçova, a cintura de muralhas e torres de vigia, bem como as belíssimas ruínas da Capela de S. Miguel (XII), e a Capela de Santa Maria do Castelo.
A casa de Fernando namora é outra paragem obrigatória. O escritor exerceu atividade como médico municipal em Monsanto entre outubro de 1944 e outubro de 1946. Datada de 1931, tem na fachada uma placa que cita Fernando Namora na sua obra ‘A Nave de Pedra’, editada em 1975: “Os meus últimos livros na sua montagem e redação finais foram escritos na aldeia”.
Ainda em Monsanto, merecem ser vistas as igrejas da Misericórdia e de São Salvador (igreja matriz), e ainda a capela de Santo António, a Porta do Espírito Santo, o cruzeiro de São Salvador.
A Capela de S. Pedro de Vir-à-Corça ou Ver-a-Corça, Imóvel de Interesse Público, situada na base do monte nos arredores da povoação, entre os lugares de Eugénia e Carroqueiro, é um templo românico construído em granito, datando provavelmente do séc. XIII, em que se destaca uma rosácea.
O Posto de Turismo de Monsanto organiza visitas guiadas sujeitas a marcação e mediante disponibilidade.