O Governo português, através do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua formaliza hoje em Londres, Inglaterra, duas novas etapas para o ensino da língua portuguesa no Reino Unido.
A primeira acontece já às 10h30, em Jersey, com a assinatura de um protocolo de cooperação que vai permitir o ensino do português naquela ilha do Reino Unido.
O documento será assinado pelo presidente do Camões, I.P., Luís Faro Ramos, e o chefe de governo de Jersey, John Le Fondré, e tem como objetivo “estabelecer condições para a oferta do ensino de português pelo Camões, I.P. na ilha de Jersey, permitindo, deste modo, que crianças de ascendência portuguesa cresçam bilingues e letradas em português e inglês, um fator de melhor desempenho escolar”, refere o Instituto Camões numa nota.
Segundo o Camões, IP, o protocolo garante condições de trabalho aos quatro professores da rede de ensino do Instituto colocados em Jersey, “que ensinam a língua portuguesa a cerca de 600 alunos, e é alargado o ensino de português aos professores locais interessados”.
Escola Anglo-Portuguesa de Londres anunciada oficialmente
Ainda hoje, às 18 horas, será é anunciada oficialmente a abertura da primeira escola bilingue inglês-português no Reino Unido.
A cerimónia oficial vai ter lugar na residência do embaixador de Portugal em Londres, e será conduzida pelo Secretário de Estado inglês para as Escolas, Lord Agnew, e pelo presidente do Camões, I.P..
“Esta escola, que fará parte do sistema educativo inglês, simboliza o reconhecimento formal da língua portuguesa como uma língua internacional e de escolarização”, refere o Instituto Camões numa nota de imprensa.
A Escola Anglo-Portuguesa de Londres (Anglo-Portuguese School of London – APSoL), uma escola primária bilingue que vai ter aulas em português e inglês, prepara-se para receber os primeiros alunos em setembro de 2020, em Wandsworth, no sul da capital britânica.
É no sul de Londres que se concentra uma parte importante da comunidade lusófona portuguesa, não só portuguesa, mas também brasileira e de outros países de expressão portuguesa, como Angola.
Quando foi dada a autorização e apoio do Ministério de Educação britânico para a abertura da Escola Anglo- Portuguesa de Londres, em 2016, a procura excedia três vezes a capacidade prevista de duas turmas para os três primeiros anos do ensino primário com que a escola pretende começar a operar. O plano é abrir nos anos seguintes a escola a crianças para os outros anos de ensino primário, totalizando, em pleno funcionamento, 420 alunos.
A Escola Anglo-Portuguesa de Londres foi criada no âmbito do programa de free schools (escolas livres) no Reino Unido, estabelecimentos que podem ser criados por pais, professores, organizações sem fins lucrativos, empresas, instituições culturais ou desportivas ou fundações cuja utilidade responda à necessidade da comunidade local, seja por falta de lugares ou do tipo de oferta disponível.
Rede EPE chega a 187 mil alunos este ano
O português é ensinado no estrangeiro como Língua de Herança, Língua Segunda e Língua Estrangeira e cada uma destas variantes de ensino tem abordagens metodológicas distintas. Para o ano letivo de 2019-2020, as três variantes apresentam um crescimento no número de alunos, de professores e de investimento. Em setembro, na apresentação da Rede EPE oficial e a apoiada pelo Estado português para o novo ano letivo, Luís faro Ramos revelava que a rede terá em 2019-2020, 72.244 alunos (70.824 em 2018/2019) e 978 professores (972 no ano letivo anterior) no ensino básico e secundário e representá um investimento estimado de mais de 22,5 milhões de euros.
No ensino superior, a projeção do Instituto Camões para 2019-2020 é de que 115 mil alunos passem a frequentar os cursos de português a nível universitário, em todo o mundo. O Instituto terá ainda 51 leitores e 850 docentes e investigadores e aponta para a existência de 265 protocolos de apoio à docência assinados com instituições universitárias de inúmeros países. O investimento global é de mais de cinco milhões de euros.
Ana Grácio Pinto