Espetáculos de dança, flamenco futurista e teatro documental são algumas das mais de 30 propostas do festival internacional de artes Verão Azul, que decorre entre hoje e 02 de novembro em três cidades algarvias.
A 9.ª edição do festival, que assumiu o formato bienal, é inspirada na obra “Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac, e vai levar a Loulé, Faro e Lagos mais de 30 eventos nas áreas do teatro, dança, música, performance, artes visuais e cinema.
Catarina Saraiva, curadora do festival, contou à Lusa que a programação explora “linguagens mais experimentais que apresentam outras maneiras de pensar a arte” e também a forma como o público e o território podem relacionar-se com os artistas.
Em 2018 decorreram várias residências artísticas que deram origem a alguns dos projetos que integram a programação do festival, cuja edição anterior tinha sido em 2017, o que permitiu também “fazer crescer” o festival e aprofundar a sua relação com o território.
É o caso dos projetos “Coleção de Artistas”, de Raquel André, de “Entre Cães e Lobos”, do artista brasileiro Gustavo Ciríaco, e de “The Walk#2”, um projeto de Cátia Pinheiro que se desenrola no espaço público com saídas individuais para conduzir os espectadores numa “viagem única e pessoal”.
Outros projetos envolvendo a comunidade são os do coletivo chileno MilM2 (mil metros quadrados), que vai percorrer as ruas de Faro (19 e 20 de outubro) e Quarteira (26 e 27 de outubro) com o “Proyecto Pregunta”, e “Burn Time”, do coreógrafo André Uerba, performance que vai contar com a participação de dez pessoas da comunidade local selecionadas numa audição limitada a 25 participantes.
Com direção artística de Ana Borralho e João Galante, a programação apresenta criações internacionais do coreógrafo italiano Alessandro Sciarroni, distinguido este ano com o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza, ou Niño de Elche, conhecido pelo seu flamenco futurista.
A inauguração da exposição “Expats”, de André Príncipe, que ficará patente até 22 de dezembro na Associação 289, em Faro, e a estreia da peça de teatro documental “Mining Stories”, em Loulé, marcam hoje o arranque do festival.
A peça, da autoria da dupla belga Silke Huysmans e Hannes Dereere e que será pela primeira vez apresentada em Portugal, aborda um dos maiores desastres do Brasil: o rebentamento de uma barragem que em 2015 devastou várias aldeias.
Niño de Elche, nome artístico de Francisco Molina, apresenta o seu flamenco futurista na sexta-feira, no Teatro das Figuras, em Faro, com o seu mais recente projeto, “Colombiana”, cujas sonoridades remetem para os territórios do Caribe e Afro-andaluzes.
O concerto-performance “Storm Atlas”, da companhia de dança italiana Dewey Dell, sobe ao palco do mesmo teatro no dia 24 de outubro, para tentar mostrar a ligação entre som e movimento, onde músicos tocam ao vivo através de uma coreografia.
O Teatro das Figuras recebe ainda, no dia 26, “CHROMA_don’t be frightened of turning the page:”, de Alessandro Sciarroni, descrito pela organização do festival como “um solo de dança hipnótico inspirado nos fluxos migratórios dos animais”.
Em 2019, o coreógrafo e bailarino italiano, que esteve há semanas no Festival Materiais Diversos, recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza, que já distinguiu outros nomes da dança contemporânea, como Pina Bausch, Anne Teresa De Keersmaeker ou Lucinda Childs.
Em estreia mundial, é apresentado o projeto “In Between”, da artista polaca Paulina Szcesna, desenvolvido no âmbito do programa Shock Lab – Práticas Criativas em Contextos Periféricos, realizado em Faro e Loulé em 2018.
Trata-se de uma performance de 20 minutos entre a artista e um espectador, um encontro de costas com costas e onde não vale olhar para trás, que requer inscrição prévia para o endereço eletrónico info@festivalveraoazul.com.
Com entrada gratuita, “In Between” é apresentado hoje, sábado e no dia 25 no Cine-Teatro Louletano e, em Faro, no Teatro das Figuras, na sexta-feira e nos dias 24 e 26.
Para dia 27, em Loulé, está marcada outra estreia mundial, a peça de dança e teatro com adolescentes e crianças “A Laura Quer!”, de Sílvia Real, em cocriação com o Grupo 23: Silêncio! e Francisco Camacho.
O encerramento do festival está a cargo de Tó Trips e Tiago Gomes, que apresentam a dia 02 de novembro, no Centro Cultural de Lagos o espetáculo-viagem “On the Road” (“Pela Estrada Fora”), baseado no livro homónimo de Jack Kerouac.
Integrado na programação do 365 Algarve, o festival, que teve a sua primeira edição em 2011, em Lagos, é produzido pela associação cultural casaBranca.