Rogério Rodrigues era um dos últimos da geração de jornalistas dos títulos das décadas de 1960 e 1970, que fizeram a transição do Estado Novo para o regime vigente. O jornalista foi hospitalizado na semana passada e faleceu esta terça-feira.
Rogério Rodrigues foi fundador do semanário O Jornal, que, nos anos 90, acabaria por dar lugar à revista Visão. Foi também um dos últimos chefes de redação do jornal A Capital, colaborou com o já extinto Rádio Clube Português, com o jornal Público e com o Jornal de Notícias. Foi também co fundador do Semanário O Ribatejo e fundou e dirigiu o semanário Grand’Amadora.
Foi ainda um dos redatores do extinto Diário de Lisboa, no qual, em maio de 1975, publicou uma crónica sobre uma mulher, conhecida pelo nome de Teresa Torga, que, nos intervalos dos tratamentos no hospital psiquiátrico Júlio de Matos, dançava nua na rua.
O texto viria dar origem à canção “Teresa Torga”, incluída no disco “Com as minhas Tamanquinhas”, de Zeca Afonso (ouça em baixo).
O jornalista foi também responsável por colocar em livro os crimes de Faustino Cavaco, o algarvio que deixou um rasto de mortes antes de ser capturado, e que depois protagonizou uma das mais impressionantes fugas de prisões portuguesas, em 1986, em Pinheiro da Cruz.
Rogério Rodrigues nasceu em Peredo dos Castelhanos, concelho de Torre de Moncorvo; foi professor do Ensino Secundário; e para além do trabalho como jornalista, trabalhou em televisão, sendo autor de diversos livros (poesia, ficção, reportagem), bem como séries televisivas.