Trata-se da moeda portuguesa mais valiosa mas, segundo alguns especialistas e colecionadores, poderá haver outras moedas portuguesas, em parte incerta, ainda mais valiosas do que esta. Foi mandada cunhar por D. João V, um rei poderoso e notável, que impulsionou a indústria e desenvolveu as artes, tem obviamente que ter algumas moedas de ouro impressionantes à sua altura. E foi exatamente isso que teve o Rei D. João V, um monarca absolutista de Portugal entre 1707 e 1750. O rei deixou para a posteridade uma série monetária extraordinária, que é atualmente considerada a mais importante do mundo.
Nascido em Lisboa, em 1689, o Rei D. João V não estava muito envolvido nas guerras, para além da Guerra da Sucessão Espanhola que herdou do seu pai e em que foi rapidamente derrotado. Em vez disso, concentrou-se nas relações europeias e promoveu o crescimento de Portugal, tornando o país numa reconhecida terra de prosperidade.
Nas casas da moeda de Lisboa, Porto, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Moçambique, Goa, Damão e Diu, o monarca ordenou que fossem cunhadas as suas novas moedas. Estas incluíam o Dobrão, o 1/2 Dobrão, a Moeda, a 1/2 Moeda, o Quartinho, o Cruzado Novo, a Dobra, a Peça, a 1/2 Peça, o Escudo, o 1/2 Escudo e o Cruzadinho.
Foi também neste período que foi cunhada a Dobra de 24 Escudos, a maior moeda cunhada em Portugal e uma das maiores do mundo. O Rei D. João V conseguiu criar toda esta opulência com o ouro e os diamantes que naquela época chegavam regularmente a Lisboa vindos do Brasil. O anverso mostra o busto laureado do rei e o reverso, as armas coroadas do reino. O elevado grau de acabamento técnico da peça, a receção de uma nova estética – o Barroco – e o seu impressionante peso em ouro, fizeram desta moeda uma peça muito apetecida e procurada fora das fronteiras de Portugal. No livro “Moedas de Ouro de Portugal”, de Javier Sáez Salgado, Lisboa 2001, página 60, a mesma estava cotada entre € 175.000 – € 225.000.
São apenas conhecidos 5 exemplares desta fabulosa moeda e são muitas as histórias que se contam sobre estes exemplares, sendo que alguns deles têm atualmente paradeiro desconhecido. Existem ainda 2 exemplares de Dobra de 32 escudos, ainda mais raras e valiosas, uma pertencente ao Instituto Nacional da Casa da Moeda e outra na posse de um colecionador Austríaco. E também há 2 exemplares de Dobra de 64 escudos, embora estes tenham sido cunhados já mais tarde por ordem do Rei D. Luís, um entusiasta da numismática. Outra história, em forma de lenda e apenas mencionada por um cronista espanhol, conta que D. João V mandou ainda cunhar 200 Dobras de 96 escudos. Destas, terá dado 100 ao Vaticano e as outras 100 terão sido distribuídas pelos seus súbditos mais próximos.