O Campo Hidrotermal Luso, descoberto durante a expedição Oceano Azul, foi agora declarado pelo Governo Regional dos Açores como área marinha de proteção total.
O anúncio foi feito pelo secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, revelando a criação de uma área marinha de restrição à pesca na zona envolvente do recém-descoberto campo hidrotermal Luso, no monte submarino ‘Gigante’, localizado entre as ilhas das Flores e do Faial.
Dessa forma, aquela área com cerca de 55 quilómetros quadrados, vai ficar protegida das atividades da pesca, preservando-se assim este ecossistema para a investigação do mar profundo
A portaria foi publicada pelo Governo dos Açores a 26 de setembro, data em que se assinala o Dia Mundial do Mar. “São zonas ecologicamente muito importantes”, afirmou o secretário regional, acrescentando que “importa aprofundar o seu conhecimento”.
A preservação desta área vai permitir, segundo Gui Menezes, que “seja estudada pelos nossos investigadores, de forma a percebermos melhor o funcionamento destes ecossistemas”.
“Os campos hidrotermais albergam organismos em ambientes extremos que podem ter algumas potencialidades, por exemplo, para a biotecnologia”, referiu.
O Secretário Regional adiantou ainda que o executivo açoriano criou uma nova área de produção aquícola denominada ‘Baía do Filipe’, situada na ilha Graciosa, que se junta às três áreas pré-definidas para a produção aquícola já existentes nas ilhas do Faial, Terceira e São Miguel. “Os operadores que queiram fazer projetos de aquacultura têm mais esta área para desenvolver esta atividade”, salientou.
Um campo hidrotermal único
O Campo Hidrotermal Luso foi descoberto a cerca de 570 metros de profundidade, a 16 de junho de 2018, durante ae científica organizada pela Fundação Oceano Azul, a Waitt Foundation e a National Geographic Pristine Seas, em parceria com a Marinha Portuguesa, a Estrutura de Missão para Extensão da Plataforma Continental, o IMAR, a Universidade dos Açores e em estreita parceria com o Governo Regional dos Açores.
Em agosto do mesmo ano, o campo hidrotermal foi melhor estudado pela equipa dedicada aos ecossistemas de profundidade da expedição Oceano Azul que, em colaboração com a equipa científica da campanha francesa TRANSECT, recolheu com um robot subaquático, amostras biológicas, geológicas, amostras da estrutura das chaminés para identificação de microrganismos e várias amostras de água e fluídos hidrotermais.
“Este campo hidrotermal é único. Para além de se encontrar a uma baixa profundidade, o que é raríssimo, apresenta também condições ambientais diferentes de outros campos hidrotermais conhecidos. Pode assim sustentar comunidades biológicas muito diferentes das que habitam outras fontes hidrotermais e ter uma influência importante na produtividade da região onde se insere.” refere Emanuel Gonçalves, líder da expedição Oceano Azul e administrador da Fundação Oceano Azul.