O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o escritor António Lobo Antunes “não precisava” do prémio Nobel da Literatura, porque “estava acima” desse galardão e, por isso, “não há que esperar notícias” de Estocolmo.
“Há um quarto de século havia um debate na sociedade portuguesa que eu achei sempre despiciendo, que era sobre o prémio Nobel da Literatura para o António Lobo Antunes, porque eu achava que ele estava acima disso”, afirmou o chefe de Estado, durante o encerramento de um colóquio sobre a vida literária do autor, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que António Lobo Antunes “não precisava” dessa condecoração “para ser quem era” e, por essa razão “não há que esperar notícias dessa capital da Europa nórdica” – referindo-se a Estocolmo, na Suécia, onde é atribuído o Nobel da Literatura.
“Claro que isso [a qualidade literária de Lobo Antunes] ficou mais claro quando a [Biblioteca] La Pléiade lho reconheceu, portanto, o chamou ao Olimpo. Entrou no Olimpo” prosseguiu o Presidente.
O escritor foi condecorado pelo chefe de Estado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, que é “o pouco que está ao alcance de um Presidente”, na opinião de Marcelo.
Antes, o escritor e também médico psiquiatra contou histórias sobre o seu percurso pessoal diante de uma plateia cheia e da qual faziam parte os antigos Presidentes da República Jorge Sampaio e Ramalho Eanes.
Durante a intervenção, António Lobo Antunes recordou dois episódios com Mário Soares e Jorge Sampaio.
“Diz o António que os sucessivos Presidentes da República sempre tiveram um carinho enorme por ele”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, recordando esse momento da intervenção do escritor, acrescentando que “os portugueses, sucessivamente, ao longo destes anos de obra literária e democracia tiveram um carinho enorme” pelo autor.
E, por essa razão, os “Presidentes cumpriram a sua missão”, que é “interpretar a vontade do povo”, uma vez que “é para isso que são eleitos”.
Durante a intervenção, o Presidente recordou também os momentos em que se cruzava com Lobo Antunes num alfarrabista, ao sábado, e terminou com um elogio ao escritor.
“Foi, é e será sempre um homem essencialmente livre e que contribuiu para a nossa liberdade, por aquilo que pensou, por aquilo que fez e por aquilo que escreveu”, finalizou.