A operadora de turismo mais antiga do mundo, a britânica Thomas Cook, declarou falência esta semana. Em consequência, os 600.000 clientes que estão de férias em todo o mundo terão de ser repatriados com a ajuda dos governos. Esta é a maior operação de resgate desde a Segunda Guerra Mundial.
A Thomas Cook, pioneira das viagens turísticas, com 178 anos, negociou intensamente durante todo o fim de semana em busca de uma injeção de capital de £ 200 milhões (quase US$ 250 milhões) para evitar o colapso. Mas as discussões fracassaram e a operadora encerrou as atividades.
O grupo registou uma forte queda em seus negócios nos últimos anos, em consequência da concorrência intensa dos sites de viagens e das dúvidas dos turistas em viajar devido as incertezas sobre o Brexit, adiado duas vezes este ano.
Operação de resgate
Na madrugada desta segunda-feira, as autoridades do Reino Unido começaram a organizar o retorno de 150.000 turistas britânicos, na maior operação de repatriação do país em tempos de paz, duas vezes superior à organizada há dois anos, no momento da falência da companhia aérea Monarch. O governo ativou um plano de emergência que recebeu o nome “Operação Matterhorn”, em referência a uma campanha de bombardeios dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
As aeronaves mobilizadas pela Autoridade Britânica de Aviação Civil (CAA) começaram a decolar de Palma de Mallorca (Espanha). Muitos turistas britânicos estão em Cuba, Turquia, Grécia e Tunísia. Aviões emprestados por companhias aéreas também serão utilizados. A operação acontece até 6 de outubro.
“Todos os passageiros atualmente no exterior pela Thomas Cook e que tinham reservas para retornar ao Reino Unido nas próximas duas semanas serão transportados para casa em datas mais próximas possíveis de suas reservas”, afirmou o governo britânico. De acordo com a BBC, 14.000 britânicos devem ser repatriados até a noite de segunda-feira. O governo calcula o custo da operação em £ 100 milhões.
Fracasso das negociações
A companhia aérea alemã Condor, que pertence ao grupo Thomas Cook, anunciou que mantém seus voos, apesar da falência, e solicitou um empréstimo de emergência ao governo alemão.
“É um momento preocupante para os funcionários e os clientes da Thomas Cook. A maior repatriação em tempos de paz no Reino Unido”, tuitou o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab.
“Apesar dos enormes esforços, as discussões não chegaram a um acordo entre os acionistas e aqueles que ofereciam um novo aporte de dinheiro”, anunciou a empresa no domingo à noite. “A direção concluiu que não havia outra opção que o processo de liquidação com efeito imediato”, completou.
A operadora havia apresentado um plano de reestruturação no qual o conglomerado chinês Fosun assumiria o controle de suas atividades, ao mesmo tempo que os credores (que incluem, entre outros, os bancos RBS, Barclays e Lloyds) assumiriam as atividades de sua companhia aérea.
Mas as £ 900 milhões (US$ 1,12 bilhão) prometidas pelos interessados não eram suficientes. Thomas Cook tem 22.000 funcionários em todo o mundo, 9.000 deles no Reino Unido. Ela vendia pacotes turísticos para 19 milhões de clientes em todo o mundo, oferecendo 51 destinos. A Thomas Cook tem 105 aviões, 200 hotéis e representações comerciais em 16 países.