A 27 e 28 de setembro, a festa ‘Menda e o Monstro’ vai recordar duas das lendas mais conhecidas da aldeia histórica de Castelo Mendo.
Durante dois dias, esta aldeia medieval vai contar a moradores e visitantes, duas das lendas mais conhecidas do povo daquela Aldeia Histórica. ‘O Mendo e a Menda’ e ‘O Monstro e o Ermitão’ vão ser recordadas na festa ‘Menda e o Monstro’, que integra o ciclo ‘12 em Rede – Aldeias em Festa’.
Em Castelo Mendo, o misticismo faz parte da cultura popular. Na parede da Antiga Domus Municipalis (antigo tribunal), uma gárgula em pedra incrustada na parede assemelha-se a um homem. Do outro lado, numa pedra de uma casa térrea em frente, está a figura de uma mulher.
Ninguém sabe a história destas duas figuras, mas o mistério que as rodeia povoa há muito a imaginação dos habitantes, que acreditam que a aldeia terá sido palco de um amor proibido como Romeu e Julieta, e que os amantes foram condenados para sempre a contemplarem-se à distância, nas pedras de Castelo Mendo”.
Assim, o povo batizou os dois elementos decorativos, respetivamente, de Mendo e Menda, em homenagem ao nome da terra.
Como essa existem outras lendas que passaram de geração em geração. A história do ‘Monstro e do Ermitão’ é uma delas. Conta-se que, há muito tempo, desaparecia sempre um rapaz da aldeia no início da primavera.
As famílias evitavam mandar os filhos sozinhos pelo campo, até que três homens da aldeia decidiram consultar um velho ermitão, que vivia na serra, em busca de respostas.
O ermitão, que respondeu em forma de verso, avisou-os que por aquelas terras andava um “monstro traiçoeiro, ai de quem ele avistar, que o engole logo por inteiro”. E aconselhou os aldeões a mandar dezoito moços nus da cintura para cima, à Senhora da Sacaparte, ‘para o monstro ali vencer, apenas com esta arte’. Assim fez o povo, durante muitos anos, e os rapazes da aldeia deixaram de desaparecer.
Gastronomia, visitas guiadas e muito mais
E como as lendas são parte do que torna Castelo Mendo singular, ‘O Mendo e a Menda’ e ‘O Monstro e o Ermitão’ vão inspirar o evento ‘Menda e o Monstro’, que decorre naquela Aldeia Histórica a 27 e 28 de setembro.
Durante dois dias, o público poderá participar em várias atividades, numa fusão de narrativas, lendas e canções. Um programa repleto de música, gastronomia, visitas guiadas, recriações ao vivo e oficinas que promete aos visitantes “uma experiência inesquecível e genuína que os levará numa viagem autêntica pela alma desta Aldeia Histórica”, convida a Associação de Desenvolvimento Turístico Aldeias Históricas de Portugal, entidade promotora do evento.
A organização é do município de Almeida, Junta de Freguesia de Castelo Mendo, associações e agentes económicos locais.
‘Castro Mendi’ é a designação que consta do documento mais antigo (1202) referente a Castelo Mendo. Aldeia Histórica de características predominantemente medievais, guarda ainda vestígios da anterior ocupação de outros povos.
Vestígios que presentes, por exemplo, na Porta da Vila, ladeada por dois berrões ou verrascos, esculturas zoomórficas em granito, datadas entre o século XVI e I a.C., que estarão ligadas ao culto da fertilidade do povo Vetão.
Apesar de ter sido ocupado desde a Idade do Bronze e ter vestígios da presença romana, a estrutura fortificada e o modelo urbanístico de Castelo Mendo são medievais e foram criados para enfrentar as necessidades impostas pela Reconquista Cristã nos séculos XII e XIII. Teve foral concedido em 1229 por D. Sancho II, estatuto que perdeu com a reforma administrativa liberal em 1855.
A aldeia é formada por dois núcleos amuralhados. Com um formato oval, a Cidadela corresponde à povoação mais antiga, formada após o foral de D. Sancho II. Já o burgo novo ou Arrabalde de S. Pedro, protegido por outra muralha, foi no passado guarnecida por oito torres, parcialmente destruídas com o terramoto de 1755.
No exterior estavam os campos cultivados e as terras de pastagens. Fora das muralhas tinham ainda lugar acontecimentos mais ocasionais: a realização da feira (Alpendre), com uma tradição que remonta ao séc. XIII, sendo das primeiras do reino e ainda celebrações associadas ao culto católico (Calvário).